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DOCUMENTÁRIO
Produção revela ação política de físicos
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
A ciência no Brasil sempre teve
seus nomes de destaque, mesmo
no período colonial. Eram em geral indivíduos trabalhando isolados, como o naturalista Alexandre Ferreira, explorador da Amazônia. Mas só no século 20 é que a
atividade científica foi de fato institucionalizada.
No caso das disciplinas biomédicas os nomes de Oswaldo Cruz e
Carlos Chagas são lembrados
com facilidade pelos brasileiros.
No caso da física os principais nomes são menos conhecidos. Só
por isso já vale a pena ver este documentário sobre dois deles, César Lattes e José Leite Lopes.
O trabalho de pioneiros como
eles foi fundamental para a institucionalização da física e do fomento à pesquisa no país, que só
ocorreu depois da Segunda Guerra. Marcos do processo foram a
fundação do Centro Brasileiro de
Pesquisas Físicas (CBPF) e a criação do Conselho Nacional de Pesquisas, CNPq (hoje Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
O documentário segue o padrão
tradicional no qual os entrevistadores estão ausentes e apenas os
entrevistados falam. A trilha sonora peca um pouco pela grandiloquência, como que tentando
convencer o espectador da importância do que está sendo mostrado.
Além de Lattes e Leite Lopes foram ouvidos outros físicos e historiadores da ciência. O resultado
é um bom resumo da vida e obra
dos dois. O trabalho de Lattes
com raios cósmicos é mostrado
de modo didático, incluindo algumas animações simples, mas corretas. Já o trabalho de Leite Lopes
fica menos claro. Em certa hora
ele comenta um trabalho importante que fez, mas pouco se explica sobre seu significado.
Os dois físicos trabalharam no
exterior e tiveram contato com a
elite da física mundial. Mas são
brasileiros, e logo viram que fazer
ciência em um país em desenvolvimento também é uma atividade
política, o que o documentário
deixa claro.
CIENTISTAS BRASILEIROS: CÉSAR
LATTES E JOSÉ LEITE LOPES. Direção:
José Mariani. Quando: hoje, às 20h, na
Rede SescSenac. Reapresentações: 14/6
(22h), 15/6 (10h), 16/6 (3h30), 17/6
(15h), 18/6 (9h30), e 19/6 (2h).
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