São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2005

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TEATRO

Casa da Comédia mostra no Festival Internacional de Londrina o solo "A História do Tigre", do dramaturgo italiano

Grupo português encena Dario Fo com máscaras

VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A LONDRINA

Na China, diz-se que uma pessoa ou um país "tem o tigre" quando não foge à luta diante das adversidades. O dramaturgo e comediante italiano Dario Fo, Prêmio Nobel de Literatura em 1997, tomou essa perspectiva popular da cultura chinesa para escrever o monólogo "A História do Tigre". A peça foi montada em 1991 pelo grupo português Casa da Comédia, que estréia amanhã no Festival Internacional de Londrina, o Filo 2005. A programação vai até domingo.
Durante a Grande Marcha (1934-1935) de milhares de homens rumo ao norte da China, sob a liderança de Mao Tsé-tung, um soldado é ferido e se refugia numa gruta no Himalaia. Lá, encontra uma tigresa e seu filhote. Consegue sobreviver graças à ajuda dos animais. O espetáculo é encenado e interpretado por Filipe Crawford, ator que faz residência no teatro Casa da Comédia, em Lisboa. Especializado na arte da máscara, ele assume o arquétipo do contador de histórias. Recorre a técnicas da máscara balinesa e da commedia dell'arte, estendidas aos gestos e movimentos.
A Casa da Comedia é um espaço dedicado ao gênero. Em agosto, abriga o seu 4ª Festival de Máscaras e Comediantes, intercâmbio com artistas estrangeiros. "A História do Tigre" cumpre sessões em Londrina amanhã e quarta, às 19h, no teatro Zaqueu de Melo (av. Rio de Janeiro, 413, centro).

Nordeste
Sem representantes na edição do ano passado, desta vez Estados nordestinos contam com três nomes no festival. O cantador e dançarino pernambucano Pedro Salustiano, filho de Mestre Salu, passou por Londrina nos primeiros dias do Filo.
Ontem, foi a vez de dois grupos: o Cabauêba, de Fortaleza, e a Cia. A4, de Salvador. Ambos surgiram no início da década e destoam do besteirol dominante em suas cidades. Montaram dramas com base em pesquisas que se pretendem mais elaboradas, fruto de processos coletivos.
O Cabauêba trouxe "Linha Férrea", uma livre adaptação de contos da escritora cearense Tércia Montenegro. Segundo o diretor Lucas Sancho, cada uma das cenas corresponde a uma estação. São histórias marcadas por vingança e crueldade. Como a do cego que procura o assassino do filho; a da menina anoréxica e depressiva; e a do sujeito que planeja a morte do pai adotivo.
O Cabauêba tem sua origem num colégio particular onde seus integrantes eram incentivados. O grupo integra o movimento Conexão Nordeste de Teatro (Conte), iniciativa de artistas por circulação e políticas públicas. A primeira etapa vai acontecer em julho, envolvendo Bahia, Ceará e Sergipe.
O quarteto feminino da Cia. A4 apresentou "InSônia", adaptação e direção de Hebe Alves para o monólogo "Valsa Nº 6", de Nelson Rodrigues. Sônia, uma garota de 15 anos, surge em seus últimos instantes de consciência, transitando os planos da alucinação, memória, realidade. A personagem ganha quatro faces distintas na montagem baiana, que já foi apresentada na Romênia e passou por São Paulo (projeto "Balaio Brasil", do Sesc).


O jornalista Valmir Santos viajou a convite da organização do Filo 2005

Festival Internacional de Londrina - Filo 2005.
Quando: De 3/6 a 19/6 (r. Maranhão, 240, centro, das 10h às 20h).
Quanto: Grátis, R$ 10 e R$ 20 (shows no Cabaré do Filo).
Onde Comprar: shopping Royal Plaza 2º piso. Mais informações pelo tel. 0/xx/43/ 3324-9202 ou no site www.filo.art.br.


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