São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Cinema / estréia

Verde e amarelo

Na estréia de "O Incrível Hulk", diretor fala sobre as cenas filmadas no Rio; Rocinha é "o tipo de lugar em que alguém fugindo da lei se esconderia"

Divulgação
Momento de fúria de Hulk, que volta aos cinemas, agora sob a direção do francês Louis Leterrier depois da versão de Ang Lee

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Louis Leterrier, o francês que dirigiu "O Incrível Hulk", que estréia hoje no país, já começa sua conversa telefônica com a Folha se desculpando.
"Olha, eu sinto muito. Sei que os "brasileiros" do filme não falam português direito. Já brigaram comigo por causa disso."
Bom, é verdade, Louis. Seu filme, a tão aguardada "versão do Hulk para valer", feita ao estilo Marvel -depois que a tentativa de Ang Lee, em 2003, foi tão mal recebida por fãs e críticos-, começa no Brasil, e ali, no Rio de Janeiro, passa uns bons 20 minutos, com Edward Norton morando na Rocinha, trabalhando numa fábrica de bebidas e interagindo com vários "brasileiros" que são, na verdade, atores canadenses.
Norton vive o cientista Bruce Banner, que carrega dentro de si a radiação gama capaz de transformá-lo no gigante verde; por isso, está fugindo do Exército dos EUA e se escondendo na favela. Ele atua com apenas dois brasileiros: a atriz Débora Nascimento, colega de trabalho na fábrica (e com quem Banner flerta), e o lutador de jiu-jítsu Rickson Gracie, com quem aprende a lutar e a controlar a raiva que dispara sua transformação.
"Eu queria usar mais atores brasileiros, mas era muito caro levá-los para o Canadá, onde passamos três meses filmando os interiores [dos barracos e da fábrica]. Eu entendo, também não gosto quando as produções dos EUA vão filmar na França e usam apenas meia dúzia de atores franceses. Só posso me desculpar."
As filmagens no Rio foram na favela Tavares Bastos (se passando por Rocinha), em Santa Teresa (que também faz as vezes de Chiapas, no México), na Lapa e na floresta da Tijuca (ou Guatemala, para o filme).
A decisão de vir ao Brasil misturou uma vontade pessoal do diretor de conhecer o país com o que ele considerou a locação ideal para o roteiro. "Pesquisei na internet, vi fotos da Rocinha e achei fantástico, era exatamente o tipo de lugar em que alguém que estivesse fugindo da lei se esconderia."
Leterrier diz não ter conseguido autorização para filmar na própria favela -fez apenas tomadas aéreas. Mas aproveitou o visual caótico dos barracos da Tavares Bastos para gravar uma cena de perseguição ao estilo "Ultimato Bourne".
"Edward deu uma grande definição: é um mar de gente. E é isso mesmo, você vê tanta vida lá. O mais fantástico foram as pessoas, tão gentis e alegres por estarem participando."
Como na série de TV, a que o filme alude em diversas cenas -inclusive na divertida participação de Lou Ferrigno, o Hulk do seriado-, Banner está sempre em fuga e tentando controlar o monstro dentro de si.
Como nas HQs, ele é perseguido pelo general Ross (William Hurt), pai de sua namorada Beth (Liv Tyler), que emprega o soldado Emil Blonsky (Tim Roth) e o submete a um tratamento para lhe dar força sobre-humana, para poder combater o Hulk.

Complemento a Ang Lee
Leterrier sabe de sua responsabilidade com "O Incrível Hulk" -ele não pode repetir o fiasco de Ang Lee, sob pena de enterrar a franquia.
"É engraçada a reação ao filme de Ang Lee. Os fãs mais radicais odiaram de verdade, mas alguns gostaram por seu valor cinematográfico. Esse foi o desafio, fazer algo suficientemente diferente para agradar aos fãs, mas não irritar quem gostou do filme de Ang. Tentei fazer um complemento à obra dele", afirma o diretor.


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