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ARTES PLÁSTICAS
Presidente do Conselho da Fundação Bienal diz que não pretende travar polêmica com Carlos Bratke
Seraphico também cogita ficar na Bienal
CELSO FIORAVANTE
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Luiz Seraphico de Carvalho,
presidente do Conselho da Fundação Bienal, que colocou seu
cargo à disposição, não descarta
sua permanência no cargo.
"Eu fui escolhido. Fui conduzido ao cargo por unanimidade em
um determinando momento. Se
acharem que eu devo ou não devo
ficar, para mim tanto faz. Eu não
sou candidato a nada, pois nunca
fui. Não me acrescenta em nada
ser presidente do conselho. Mas é
curioso que um homem que pediu demissão três vezes em um
dia, no dia seguinte vá ao jornal e
diga que ele pretende voltar", disse Seraphico, referindo-se a Carlos Bratke, presidente da Bienal,
que também colocou seu cargo à
disposição na última segunda-feira, mas cogitou sua permanência
em entrevista à Folha, publicada
ontem.
"O Carlos Bratke diz que não
pediu a minha demissão, mas dá a
entender que ficou muito decepcionado com o fato de eu não me
demitir. Ao contrário dele, eu não
me demiti, mas também não vou
me candidatar", disse Seraphico.
Os dois personagens monopolizaram a última reunião do conselho da instituição, na segunda-feira, ao colocarem seus cargos à disposição até o dia 7 de agosto,
quando uma nova reunião do
conselho decidirá por novos nomes ou mesmo por reconduzi-los
ao cargo.
"A presidência do Conselho da
Fundação Bienal é um cargo extremamente espinhoso, pois tenho de me envolver com situações difíceis e penosas. E o meu
estilo é me envolver mesmo, mas
com o objeto cultural. E, por favor, não confunda objeto cultural
com Carlos Bratke, Edemar Cid
Ferreira ou qualquer outra pessoa", complementou.
Ivo Mesquita
Seraphico disse ainda que apenas se manifestou na crise em resposta ao problema que envolvia o
curador Ivo Mesquita, que se tornou outro pivô da crise ao se manifestar publicamente contra o
adiamento da 25ª edição da Bienal de São Paulo para 2002 e ser
demitido por isso.
"Eu só me manifestei quando o
sr. Carlos Bratke teve um problema sério com o curador da mostra de artes plásticas, o Ivo Mesquita. Isso provocou uma manifestação com 700 assinaturas de
42 países. Acabei me colocando
ao lado de um homem que eu
nem conheço, que é o Ivo Mesquita, Não há jogo nenhum nisso",
disse.
"No cumprimento do dever legal, eu fui e continuarei indo até
onde for preciso, até o meu último
dia de mandato. Eu não temo a
reação de quem quer que seja sobre o que eu falar. Fiquei quieto
durante muito tempo e acho que
o silêncio é necessário, mas em
um determinado momento achei
bem o contrário", complementou.
Seraphico disse não ter nenhum
problema pessoal com Carlos
Bratke, mas criticou suas posturas
durante a última reunião e mesmo depois dela.
"Na reunião de segunda-feira,
foi assumido um compromisso
de que ninguém falaria, mas, na
verdade, eles não queriam que eu
falasse. Mas, se eu um dia falei,
não tinha em vista atingir ninguém pessoalmente. Acho necessário que o espírito crítico da Bienal seja mantido. O espaço cultural não é passarela para o sucesso
de ninguém, nem meu nem de
quem quer que seja", disse.
Crise
Seraphico questionou ainda o
encaminhamento da crise, que
tem se transformado em um jogo
de prestígios e vaidades. "A figura
do Carlos Bratke não interessa,
nem a minha. O que importa e o
que eu fiz, isso, que esse indivíduo
acha ser uma campanha contra
ele, foi tentar despertar o espírito
crítico de São Paulo em torno de
uma entidade que está sendo sacrificada, a Fundação Bienal."
"Estou interessado na preservação de um bem cultural nos níveis
que pensavam Sérgio Milliet, Carlos Pinto Alves, Arnaldo Pedroso
Horta, Ciccillo Matarazzo, Franco
Zampari e toda uma geração capaz de criar um ressurgimento na
cultura paulista. Não estavam interessados em prestígio pessoal",
disse Seraphico.
A primeira crise da gestão de
Carlos Bratke na Fundação Bienal
aconteceu em 21 de fevereiro,
quando o diretor-executivo da
Bienal, Marcos Weinstock, e o diretor-superintendente, Carlos
Wendel de Magalhães, pediram
demissão depois de dizer que
Bratke não representava a Bienal
como deveria.
Em 9 de maio, o Conselho da
Fundação Bienal decidiu adiar a
25ª Bienal de São Paulo de 2001
para 2002. O curador do evento,
Ivo Mesquita, se manifestou contrário à decisão e foi demitido por
Bratke.
A demissão provocou uma
guerra de declarações e a manifestação de apoio a Mesquita de vários conselheiros. Seraphico disse
na ocasião: "A Bienal se tornou
um jogo de prestígios pessoais e
reuniões em torno de caviar".
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