São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2000


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"A VIDA É CHEIA DE SOM E FÚRIA"
Ator brilha em quase monólogo, quase clipe

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

1. A arrebatadora projeção de Alison nadando;
2. A coreografia de Rob, Barry e Johnny na loja de discos;
3. Rob desistir de transar com Marie porque ela usava uma camiseta do Sting;
4. O péssimo jeito de Laura dançar ao som de "Gotta Get You Off My Mind", de Solomon Burke;
5. A cena de sexo entre Rob e Laura, após o enterro do pai dela.
Esta é a minha lista das cinco melhores cenas de "A Vida é Cheia de Som e Fúria", da Sutil Companhia de Teatro, em cartaz no Sesc Anchieta. Há muitas outras belas cenas no espetáculo, no qual listas de preferências desempenham um papel especial.
A peça tem um início vigoroso, ágil, num ritmo de discoteca imposto pela direção de Felipe Hirsch. Pena que os recursos, em cerca de três horas de espetáculo, se tornem repetitivos e diminuam a grandeza da encenação.
Mesmo assim, o que Hirsch consegue fazer no palco tem uma força rara de se ver e cria uma dramaturgia jovem e potente. Ela não é inovadora. A ópera "Cem Objetos para Representar o Mundo", por exemplo, que também tratava de uma lista, apresentada por Peter Greenaway em São Paulo em 98, utilizava os mesmos recursos: uma grande tela na frente do palco, com muitas projeções e iluminação refinada. Mesmo assim, Hirsch vai além e usa esses recursos de forma mais criativa.
O texto é baseado no livro "Alta Fidelidade", do inglês Nick Hornby, que conta a história de Rob Fleming, dono de uma loja de discos, apaixonado pela namorada Laura e o universo sonoro do pop. Fleming e seus amigos costumam fazer listas, e a narrativa se desenvolve a partir das cinco piores separações de sua vida.
Grande parte do vigor do espetáculo se deve à excelente atuação de Guilherme Weber, no papel de Fleming.
Ele representa de forma brilhante o neurótico e bem contemporâneo caráter do personagem e praticamente sozinho segura o espetáculo. Isso porque o restante do elenco tem uma atuação lamentável, especialmente sua parte feminina.
Mas isso não compromete o espetáculo, pois "A Vida..." é quase um monólogo, e os demais personagens funcionam como figurantes.
Esperteza do diretor, que soube aproveitar bem a fúria interpretativa de Weber, e fez da encenação um belo quadro para o ator.
Além do mais, ele já tinha de saída uma bela trilha, com as canções citadas no livro, recheada de clássicos do pop. O espetáculo é quase um videoclipe editado no palco. Podia ter também a agilidade de um.


A Vida É Cheia de Som e Fúria
    Texto: adaptação de "Alta Fidelidade", do inglês Nick Hornby
Direção e adaptação: Felipe Hirsch Com: Sutil Companhia de Teatro (Com Guilherme Weber e outros) Quando: de quinta a sábado, às 21h; domingo, às 19h Onde: teatro do Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/ 256-2281) Quanto: R$ 15 (desconto para estudantes e comerciários)




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