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"A VIDA É CHEIA DE SOM E FÚRIA"
Ator brilha em quase monólogo, quase clipe
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
1. A arrebatadora projeção de
Alison nadando;
2. A coreografia de Rob, Barry e
Johnny na loja de discos;
3. Rob desistir de transar com
Marie porque ela usava uma camiseta do Sting;
4. O péssimo jeito de Laura dançar ao som de "Gotta Get You Off
My Mind", de Solomon Burke;
5. A cena de sexo entre Rob e
Laura, após o enterro do pai dela.
Esta é a minha lista das cinco
melhores cenas de "A Vida é
Cheia de Som e Fúria", da Sutil
Companhia de Teatro, em cartaz
no Sesc Anchieta. Há muitas outras belas cenas no espetáculo, no
qual listas de preferências desempenham um papel especial.
A peça tem um início vigoroso,
ágil, num ritmo de discoteca imposto pela direção de Felipe
Hirsch. Pena que os recursos, em
cerca de três horas de espetáculo,
se tornem repetitivos e diminuam
a grandeza da encenação.
Mesmo assim, o que Hirsch
consegue fazer no palco tem uma
força rara de se ver e cria uma dramaturgia jovem e potente. Ela não
é inovadora. A ópera "Cem Objetos para Representar o Mundo",
por exemplo, que também tratava
de uma lista, apresentada por Peter Greenaway em São Paulo em
98, utilizava os mesmos recursos:
uma grande tela na frente do palco, com muitas projeções e iluminação refinada. Mesmo assim,
Hirsch vai além e usa esses recursos de forma mais criativa.
O texto é baseado no livro "Alta
Fidelidade", do inglês Nick
Hornby, que conta a história de
Rob Fleming, dono de uma loja
de discos, apaixonado pela namorada Laura e o universo sonoro do
pop. Fleming e seus amigos costumam fazer listas, e a narrativa se
desenvolve a partir das cinco piores separações de sua vida.
Grande parte do vigor do espetáculo se deve à excelente atuação
de Guilherme Weber, no papel de
Fleming.
Ele representa de forma brilhante o neurótico e bem contemporâneo caráter do personagem e
praticamente sozinho segura o espetáculo. Isso porque o restante
do elenco tem uma atuação lamentável, especialmente sua parte feminina.
Mas isso não compromete o espetáculo, pois "A Vida..." é quase
um monólogo, e os demais personagens funcionam como figurantes.
Esperteza do diretor, que soube
aproveitar bem a fúria interpretativa de Weber, e fez da encenação
um belo quadro para o ator.
Além do mais, ele já tinha de saída uma bela trilha, com as canções citadas no livro, recheada de
clássicos do pop. O espetáculo é
quase um videoclipe editado no
palco. Podia ter também a agilidade de um.
A Vida É Cheia de Som e Fúria
Texto: adaptação de "Alta Fidelidade",
do inglês Nick Hornby
Direção e adaptação: Felipe Hirsch
Com: Sutil Companhia de Teatro (Com
Guilherme Weber e outros)
Quando: de quinta a sábado, às 21h;
domingo, às 19h
Onde: teatro do Sesc Anchieta (r. Dr. Vila
Nova, 245, tel. 0/xx/11/ 256-2281)
Quanto: R$ 15 (desconto para
estudantes e comerciários)
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