|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NINA HORTA
O livro de cozinha preferido
Todo mundo tem o seu,
o que abriu o interesse, ou o que o acompanhou nos primeiros passos do fogão
POR VOCÊS , leitores, eu ficaria
escrevendo sobre comida de
trens o resto da vida, mas não
dá. Hoje o assunto são os livros ainda não traduzidos no Brasil.
A "Book Review" do "New York
Times" dedicou o suplemento inteiro a livros de cozinha recém-publicados, "The Food Issue", mas reserva uma reportagem para "Qual é o
seu livro de cozinha, esgotado e preferido?". Pergunta feita a chefs e
"foodies", gente que gosta do assunto. E todo mundo tem um livro preferido, geralmente o que te abriu o
interesse para o assunto, ou o que te
acompanhou nos primeiros passos
do fogão. Qual é o seu?
Não se esqueceram de um cantinho para a nutrição e um livro pelo
menos para aberrações alimentares,
como no caso de pessoas que ganham a vida, e muito bem, tomando
parte em concursos de quem come
mais e mais depressa. Pizzas, hot
dogs, tudo vale.
Vamos aos recém-lançados: "Two
for the Road" é escrito por marido e
mulher, Jane e Michael Stern, um
casal que apareceu nos anos 70 com
um plano na cabeça que lhes pareceu fácil. Escrever sobre absolutamente todos os restaurantes de estrada americanos.
Estenderam um mapa na mesa da
cozinha, entraram no carro e começaram a saga de tortas, pizzas e comida regional que andava esquecida
na época.
Para quem viaja pelos EUA, nada
melhor do que os livros exaustivos
deles, com descrições detalhadas e
bem escritas dos diners. Eles também têm uma página na internet:
www.roadfood.com.
O livro tem um pouco de memória, receituário, guia e muito bom
humor. "Há uma relação direta entre a excelência da comida e o número de ilustrações de Jesus na parede." Sabem tudo sobre Jello,
frango frito, cheesecake, macarrão
com queijo, hambúrgueres e todo o
resto.
E "My Life in France", que era esperado há muito tempo, é a vida de
Julia Child, a cozinheira-ícone que
ensinou os americanos a cozinhar
comida francesa. É uma biografia
escrita em primeira pessoa, mas
por um sobrinho-neto, uma agradável história de amor pela França,
sua comida e, principalmente, uma
elegia à própria vida.
Gael Greene era crítica de restaurantes e está lançando "Insatiable".
Geralmente não gosto de livros que
misturam a sensualidade da comida e da cama, mas Gael adora as
duas coisas. Além de criticar os restaurantes, era repórter e dormiu
com Elvis Presley, que depois de
estar com ela no motel pediu à cozinha um sanduíche de ovo frito.
Quando criticou o Le Cirque nova-iorquino, teve um caso com o chef
Jean Louis. Adorou o restaurante
Le Bernardin e louva a habilidade
com que o chef Gilbert LeCoze desabotoou seu sutiã. Não poupa elogios ao francês Jean Troisgros nas
suas aulas de culinária no Vale de
Napa e na cama.
Nada como a idade avançada.
Hoje, depois de ter deixado a crítica, toma parte num projeto que
ajudou a criar que fornece 2 milhões de refeições grátis por ano na
cidade de Nova York.
Anthony Bourdain, o chef-rebelde, escreve bem, é engraçado e irreverente. Agora, com seu programa
de TV, tem muito sobre o que falar.
Esse livro é principalmente sobre
miúdos, sobre partes menos nobres dos animais, "The Nasty Bits",
e um ou outro escorpião comido
nos países por onde viaja.
É aquela velha história das horas
difíceis de um restaurante e como
são resolvidas as questões mais espinhosas. Gostaria de ter estes vídeos de viagem e queria muito ver o
episódio brasileiro, mas não chegaram ao Brasil, que eu saiba.
Bom, os livros das nutricionistas
e os livros velhos, esgotados, preferidos por cozinheiros, ficam para
outra vez. Ou entrem em crítica de
livros, desde 1981, no site
www.nytimes.com/books.
ninahorta@uol.com.br
Texto Anterior: Música: Keith Richards volta ao palco em Milão Próximo Texto: Crítica: Com rodízio e à la carte, Kawa tem boa relação de qualidade e preço Índice
|