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Crítica/MPB
Katia B dissipa sombra da bossa eletrônica
ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA
É tentador enquadrar
Katia B na categoria de
cantoras que mesclam
bossa nova e eletrônica. Uma
tentação fácil de se cair, quando
sua voz sedutora, às vezes sussurrada, interpreta as bossas-trip hop produzidas por Suba
-"o" homem por trás do primeiro disco de Bebel Gilberto-
, que cuidou também de sua estréia em CD, em 2000.
Essa fama persistiu no segundo trabalho de Katia B, "Só
Deixo Meu Coração na Mão de
Quem Pode" (2003). Para dissipar essa sombra, está aí "Espacial", registro em que a carioca
dá continuidade à sua intenção
de criar uma sonoridade envolvente e rica, que tem, sim, referências eletrônicas, mas nada
tem a ver com a tal "new bossa".
"Espacial", assim como a faixa que dá nome ao disco, parceria de Katia B com Lucas Santtana, está mais para mantra
oriental do que para os "beats"
eletrônicos. Mantra que mescla
influências de melodias judaicas, que ela ouvia quando era
criança, o rock dos Beatles, a
MPB do Clube da Esquina e
também a bossa nova.
"Dizem que o meu disco é
eletrônico, mas acho que a eletrônica é a maneira de fazer",
fala a cantora. "Tudo é tocado.
Mas, daí, a percussão do Marcos Suzano vira uma harmonia,
ou o violão do Vítor [Ramil] se
transforma numa percussão.
Essa alquimia, essa transformação do som é que é eletrônica, porque todos os andamentos são mais lentos."
Se da bossa Katia B tem referências -explícitas na bela regravação de "O Amor em Paz",
de Jobim e Vinicius-, elas vêm
dessa lentidão que ela aponta, e
que permeia o disco. Vagar que
torna "Espacial" se não uma
obra inovadora, intensa e interessante.
ESPACIAL
Artista: Katia B
Lançamento: MCD
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: bom
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