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ilustrada em cima da hora
Suíça rejeita extraditar Polanski e liberta o cineasta após seis meses
Sem acesso a todo o processo, ministra alega problema técnico em pedido feito pelos EUA
Em 1977, juiz havia decidido que, se diretor confessasse os crimes, tempo em manicômio bastariam como pena
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
A Justiça suíça decidiu não
extraditar o cineasta Roman
Polanski para os Estados
Unidos e libertou o franco-polonês, preso no país desde
setembro do ano passado.
Polanski, 76, fugiu dos
EUA em 1978 após ser acusado de drogar e estuprar uma
menina de 13 anos na casa do
ator Jack Nicholson.
Desde então, vivia na
França, até que em setembro
de 2009 foi a Zurique receber
um prêmio num festival de
cinema local. Acabou preso
ao chegar ao aeroporto.
O cineasta, vencedor do
Oscar de melhor diretor por
"O Pianista", ficou encarcerado até 4 de dezembro,
quando pagou fiança de cerca de R$ 7,5 milhões e passou
para prisão domiciliar em
seu chalé nos Alpes.
Até ontem, era monitorado por meio de uma tornozeleira eletrônica.
A Justiça suíça não entrou
no mérito se Polanski é ou
não culpado. A decisão foi
técnica e deve provocar reclamação dos americanos.
Em entrevista ontem, a ministra da Justiça suíça, Eveline Widmer-Schlumpf, disse
que não era "possível excluir
uma possibilidade de falha
no pedido feito pelos EUA".
SEM ACESSO
Na verdade, a Suíça solicitou aos EUA em março deste
ano todos os papéis do processo contra Polanski, iniciado há 33 anos. As autoridades do país europeu queriam
confirmar uma alegação dos
advogados do cineasta.
Segundo eles, ainda em
1977, o juiz que cuidava do
caso havia decidido que, se
Polanski confessasse os crimes, os 42 dias que havia
passado em um manicômio
judicial já bastariam como
cumprimento da pena.
Em maio, os EUA se recusaram a mandar os arquivos.
Alegaram que precisam ser
mantidos em sigilo.
Para Widmer-Schlumpf,
se houve aquela decisão prévia do juiz, a Suíça incorreria
em erro ao extraditar uma
pessoa que já cumpriu pena.
A prisão de Polanski reacendeu a discussão sobre a
influência que a vida privada
de um artista tem sobre o julgamento de suas obras.
Muitos chegaram a defender que o talento inegável do
diretor (que dirigiu "O Bebê
de Rosemary" e "Chinatown", entre outros) deveria
ser desprezado, e seus filmes, boicotados devido a sua
conduta em 1977.
A vítima de Polanski, Samantha Geimer, era na época
uma aspirante a atriz. Hoje,
ela vive no Havaí com o marido e seus três filhos.
RUÍNA PELA MÍDIA
No ano passado, ela fez
um pedido formal à Justiça
de Los Angeles para que fossem retiradas as acusações.
"Toda vez que esse caso
volta à tona, um grande foco
se volta para mim, minha família e outros. Essa atenção
não é nada agradável", disse.
Em uma entrevista dada
em 1997, Samantha contou
que naquele dia Polanski a
fez beber champanhe e tomar parte de um sedativo
após uma sessão de fotos dela seminua numa banheira.
Depois, afirmou, ele a deitou numa cama e fez sexo
com ela. Samantha afirma
que não resistiu por medo.
Após tantos anos, disse
que não ter raiva do diretor.
"Ele fez uma coisa horrível
para mim, mas foi a mídia
que arruinou a minha vida."
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