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Será que ele é?
Possibilidade de Edson Celulari ser um bissexual em "Páginas da Vida" preocupa militares e gera expectativa no mundo GLS
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O zunzunzum circula na internet, no movimento GLS e
preocupa figurões da Aeronáutica: será que Edson Celulari,
no papel de um militar em "Páginas da Vida", vai ter um caso
com outro homem na novela?
Está aí a mais nova "trama
paralela" de Manoel Carlos, o
autor campeão em criar polêmicas, manter suas histórias na
"boca do povo" e, claro, levar
com isso o ibope lá para cima.
"Páginas da Vida" mal completou um mês e já é sintonizada
por 67% dos telespectadores
que estão ligados no horário.
E olha que a maior parte do
público ainda nem faz idéia da
possibilidade de Celulari, 48,
galã do primeiro time global,
trocar ninguém menos que Ana
Paula Arósio por um bofe. Na
novela, ele é Sílvio, militar da
Aeronáutica. Conservador e tímido, vive constrangido com o
jeitão "caliente" da mulher,
Olívia (Arósio). Pensa em abandonar a carreira e se define como alguém com "dificuldades
para fazer escolhas". Na segunda fase da novela, daqui a uma semana, seu casamento, após cinco anos, estará em crise. Mas será que ele é?
Vamos aos fatos. Há dois
anos, Manoel Carlos disse à Folha com todas as letras: pretendia pôr um bissexual em "Páginas". Já havia feito isso em "Por
Amor" (97/98), mas com um
personagem secundário. "Não
sei por que não houve muita repercussão", disse. Ele também
criara um jovem casal de lésbicas em "Mulheres Apaixonadas" (2003), mas afirmou considerar "o bissexualismo mais
atraente do que o homossexualismo como argumento". "É
grande o número de bissexuais
que vivem com suas mulheres e
filhos, ou de mulheres que vivem com seus maridos."
Agora mudou o discurso. Diz
que não decidiu se -e como-
abordará o assunto em "Páginas da Vida". Sobre a especulação de que poderia ser o personagem de Celulari, não confirma, mas também não nega. Maneco, como é chamado, é de dar
inveja em bons marqueteiros...
Já Celulari negou à Folha
que tenha recebido "indicação
do autor nesse sentido". Disse
ter lido na sinopse que outros
dois personagens estariam cotados para ser o bissexual (especula-se que sejam o de Marcos Caruso e o de Tato Gabus
Mendes). Mas disse que seria
"maravilhoso" discutir esse tema e que interpretaria "com
prazer" um bissexual.
Odilon Wagner, intérprete
do bissexual de "Por Amor",
contou à Folha que foi chamado antes de a novela começar
por Manoel Carlos. "Ele me
perguntou se eu topava e combinamos de manter isso em segredo", disse o ator, que perdeu
contratos publicitários à época.
O bafafá em torno de Celulari causou desconforto no alto
escalão da Aeronáutica, que assessorou a novela para compor
o personagem, liberou sua base
no Rio para gravações e até emprestou um macacão para o
ator usar em cena. Há quem
defenda que a colaboração acabe se Sílvio "sair do armário".
A versão oficial do Centro de
Comunicação Social da Aeronáutica é que a instituição "não
censura novelas" e que não há
ordem para deixar de colaborar
com a produção.
O debate também começou
no site de relacionamentos Orkut. Foi criada uma comunidade para os que defendem que
Sílvio seja o bissexual da trama.
Regina Facchini, doutoranda
em sexualidade pela Unicamp
e coordenadora da Secretaria
de Bissexualidade da Parada
Gay de SP, conta que a pauta já
está nas listas de discussões de
militantes na internet. "É positivo que haja um bissexual na
novela das oito, contanto que
ele não reforce estereótipos,
como o do marido que trai a
mulher com outro homem e
ainda a contamina com Aids.
Se fosse assim, seria terrível.
Mas estamos abertos a discutir
a abordagem com o autor."
Se Celulari é ou não é, veremos. Mas outra coisa é fato:
personagens gays viraram recurso infalível para criar polêmica em novelas -e estão até
na TV do bispo Edir Macedo.
Colaborou DANIEL BERGAMASCO ,
da Reportagem Local
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