São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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Ator topa beijo gay e diz que "faria bissexual com o maior prazer"

DA REPORTAGEM LOCAL

Leia a entrevista concedida por Edson Celulari à Folha sobre a possibilidade de seu personagem em "Páginas da Vida" ser um bissexual. (LM)

FOLHA - O Sílvio é ou não é o bissexual de "Páginas da Vida"?
EDSON CELULARI
- Fiquei assustado com a nota [publicada num jornal carioca], porque não sabia de nada. E me parece que o Manoel Carlos [autor] desmentiu [à Folha, ele não nega nem confirma]. Estava na sinopse, mas não era com o meu personagem, era com outros dois.

FOLHA - Quais outros dois?
CELULARI
- É... Eu não me lembro. Era uma possibilidade.

FOLHA - Há indícios de que Sílvio pode ser: ele se incomoda com o jeito "caliente" da mulher...
CELULARI
- [interrompendo] Isso não aponta nada. É um comportamento normal. Em nenhum momento tive essa intenção e não recebi orientação nesse sentido. Se gostaria de fazer, é outra coisa. Discutir a bissexualidade é maravilhoso.

FOLHA - Houve dois diálogos do Sílvio que podem ser pistas. Em um, ele fala que sempre teve dúvidas...
CELULARI
- [interrompendo] Eu sei o que fala, que tem dificuldade em tomar decisões. Mas isso não quer dizer nada.

FOLHA - Numa cena desta semana, o pai vira para Sílvio e diz: "Será um almoço de homens". Ele olha fixamente para o pai por alguns segundos e só depois ri, concordando.
CELULARI
- [risos] Aí você está indo longe demais. Sobre aquele olhar, o que pensei como ator foi que era de admiração pelo pai, ele olha com amor, não tem nada a ver. Eu te garanto que estou fazendo o que está escrito no roteiro. Ele está vivendo a lua-de-mel, está ótimo. Por enquanto, esse é o perfil.

FOLHA - E se ele for bissexual? Como ficará a mulherada que é sua fã?
CELULARI
- Já fiz tantos papéis, meu pai do céu... "Calígula" no teatro, o filme "Asa Branca" [era jogador de futebol e rolava um "clima" com o personagem de Walmor Chagas], tantos...

FOLHA - Agora é novela das oito.
CELULARI
- Eu sei, mas a catarse acontece quando o ator faz bem o que tem que fazer. Nós somos o meio para passar a idéia do autor. Fiz o papel em "Decadência" [pastor corrupto]. Era uma discussão saudável, e nem por isso o público... Isso é uma idéia meio romantizada. Se tiver que fazer [o bissexual], farei com o maior prazer, o importante é ter um bom material, conflito. Já pensou se minha vida fosse fazer só o que as pessoas esperam e não o que gosto? Estaria triste. Se o Maneco [Manoel Carlos, autor da novela] colocar esse tema, será com a profundidade de sempre.

FOLHA - Já interpretou bissexual?
CELULARI
- No filme "Sexo Frágil", fiz um ator que se travestia de mulher para participar do Dia das Mães na escola do filho, que não tinha mãe.

FOLHA - E beijo gay?
CELULARI
- Sou virgem [risos]. Ah, fiz em teatro, o Calígula.

FOLHA - Se o Maneco escrever e a Globo desta vez bancar, você topa?
CELULARI
- Eu não vejo isso como um desafio, vejo com naturalidade. Se vier, vou fazer porque esse é meu trabalho. E vou tentar fazer bem feito.

FOLHA - Você acha que eu estou vendo pêlo em ovo, sinceramente?
CELULARI
- Não, acho que... Você pode ler a cena de vários modos. Da minha parte, digo: não fiz com nenhuma indicação sobre isso. Se ele vier a escrever isso, será um caminho novo.


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