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Ator topa beijo gay e diz que "faria bissexual com o maior prazer"
DA REPORTAGEM LOCAL
Leia a entrevista concedida
por Edson Celulari à Folha sobre a possibilidade de seu personagem em "Páginas da Vida" ser um bissexual.
(LM)
,
FOLHA - O Sílvio é ou não é o bissexual de "Páginas da Vida"?
EDSON CELULARI - Fiquei assustado com a nota [publicada num
jornal carioca], porque não sabia de nada. E me parece que o
Manoel Carlos [autor] desmentiu [à Folha, ele não nega nem
confirma]. Estava na sinopse,
mas não era com o meu personagem, era com outros dois.
FOLHA - Quais outros dois?
CELULARI - É... Eu não me lembro. Era uma possibilidade.
FOLHA - Há indícios de que Sílvio
pode ser: ele se incomoda com o jeito "caliente" da mulher...
CELULARI - [interrompendo] Isso não aponta nada. É um comportamento normal. Em nenhum momento tive essa intenção e não recebi orientação
nesse sentido. Se gostaria de fazer, é outra coisa. Discutir a bissexualidade é maravilhoso.
FOLHA - Houve dois diálogos do Sílvio que podem ser pistas. Em um,
ele fala que sempre teve dúvidas...
CELULARI - [interrompendo] Eu
sei o que fala, que tem dificuldade em tomar decisões. Mas
isso não quer dizer nada.
FOLHA - Numa cena desta semana,
o pai vira para Sílvio e diz: "Será um
almoço de homens". Ele olha fixamente para o pai por alguns segundos e só depois ri, concordando.
CELULARI - [risos] Aí você está
indo longe demais. Sobre aquele olhar, o que pensei como ator
foi que era de admiração pelo
pai, ele olha com amor, não tem
nada a ver. Eu te garanto que
estou fazendo o que está escrito
no roteiro. Ele está vivendo a
lua-de-mel, está ótimo. Por enquanto, esse é o perfil.
FOLHA - E se ele for bissexual? Como ficará a mulherada que é sua fã?
CELULARI - Já fiz tantos papéis,
meu pai do céu... "Calígula" no
teatro, o filme "Asa Branca"
[era jogador de futebol e rolava
um "clima" com o personagem
de Walmor Chagas], tantos...
FOLHA - Agora é novela das oito.
CELULARI - Eu sei, mas a catarse
acontece quando o ator faz bem
o que tem que fazer. Nós somos
o meio para passar a idéia do
autor. Fiz o papel em "Decadência" [pastor corrupto]. Era
uma discussão saudável, e nem
por isso o público... Isso é uma
idéia meio romantizada. Se tiver que fazer [o bissexual], farei
com o maior prazer, o importante é ter um bom material,
conflito. Já pensou se minha vida fosse fazer só o que as pessoas esperam e não o que gosto? Estaria triste. Se o Maneco
[Manoel Carlos, autor da novela] colocar esse tema, será com
a profundidade de sempre.
FOLHA - Já interpretou bissexual?
CELULARI - No filme "Sexo Frágil", fiz um ator que se travestia
de mulher para participar do
Dia das Mães na escola do filho,
que não tinha mãe.
FOLHA - E beijo gay?
CELULARI - Sou virgem [risos].
Ah, fiz em teatro, o Calígula.
FOLHA - Se o Maneco escrever e a
Globo desta vez bancar, você topa?
CELULARI - Eu não vejo isso como um desafio, vejo com naturalidade. Se vier, vou fazer porque esse é meu trabalho. E vou
tentar fazer bem feito.
FOLHA - Você acha que eu estou
vendo pêlo em ovo, sinceramente?
CELULARI - Não, acho que... Você
pode ler a cena de vários modos. Da minha parte, digo: não
fiz com nenhuma indicação sobre isso. Se ele vier a escrever
isso, será um caminho novo.
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