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FREE JAZZ
Músico lidera noite que lembra a contemporaneidade do estilo
Greg Osby põe seu sax a serviço da fusão no jazz
EDSON FRANCO
EDITOR DO TV FOLHA
Na noite em que o saxofonista
Greg Osby, 40, e o trompetista Irving Mayfield, 22, dividirão o palco do Free Jazz Festival, o espaço
New Directions (novas direções)
vai fazer jus a seu nome.
Esses músicos são legítimos representantes da geração conhecida como "young lions" (jovens
leões), músicos que elegem a técnica e o completo domínio sobre
o instrumento como meta e têm
na Escola de Música Berkley, de
Boston, seu Vaticano.
Apesar de respeitarem os ditames da tradição, eles não têm receio de misturar o jazz com estilos
musicais contemporâneos ou
vindos de outros países.
Principal atração da noite -19
de outubro no Rio e no dia seguinte em São Paulo-, Greg
Osby começou tocando em grupos de blues, funk e rhythm and
blues. "No início, eu achava o jazz
muito sofisticado e além das minhas capacidades musicais", disse
o saxofonista, por telefone, de sua
casa de campo na Pensilvânia.
Para conseguir tocar como seus
ídolos na época -Charlie Parker
e Cannonball Adderley-, ele teve
de passar dois anos em um banco
da Universidade Howard, em
Washington. Depois, inevitável,
estudou um tempo na Berkley.
"Na primeira, eu tive aulas de
saxofone clássico e aprendi a dominar o instrumento. Dediquei
meus anos na Berkley a estudar
composição."
Apesar de usar a racionalidade
para atingir seus objetivos musicais, Osby aponta motivos para lá
de instintivos na hora de explicar
por que escolheu o alto entre a família de saxofones.
"Ele tinha o tamanho certo para
mim. O tenor é muito grande e
tem um som que lembra um homem velho falando. Já o alto parece o canto de uma linda mulher."
Terminados seus anos na Berkley, Osby passou a emprestar seu
sopro para músicos como Herbie
Hancock, Jack DeJohnette, Geri
Allen e Cassandra Wilson. Juntando o passado pop, a educação
formal e a experiência com esses
músicos, é natural que Osby tenha resolvido fundir o jazz com
estilos contemporâneos desde seu
primeiro disco solo ("Greg Osby
and Sound Theater", de 1987).
No disco seguinte ("Mind Games", de 88), surpresa: o saxofonista resolveu mergulhar seu jazz
em águas brasileiras. "Na época,
eu estava saindo com uma brasileira, que me apresentou a música
maravilhosa de João Gilberto, Gilberto Gil, Djavan e Milton Nascimento. Além disso, eu já estava
tocando com Naná Vasconcelos,
que influenciou muito a concepção rítmica daquele disco."
Osby chega aos dias atuais explorando até formas novas de
gravação. Em seu disco "Banned
in New York", de 1988, ele levou
sua banda a um estúdio, ligou o
gravador e improvisou por uma
hora, sem intervalos entre uma
música e outra.
Nos shows, o improviso sem limites também chega à forma como as músicas são executadas. O
tema pode aparecer só no meio, a
ordem dos solos pode mudar. Tudo depende de sinais que Osby dá
para sua banda no palco.
"Detesto me repetir. Gosto de
estar sempre mudando para
manter a minha banda na ponta
dos pés. Se não for assim, os músicos ficam preguiçosos. É por isso
que eu toco jazz, e não pop ou outro estilo cujo público queira ouvir sempre as mesmas coisas."
Com seu sopro, Osby ajuda a espanar a poeira do jazz e dá arrepios nos puristas. Para eles, o saxofonista dá a sua definição do estilo: "O jazz é a forma mais imediata de expressão pessoal por
meio da arte. Nele, tudo é imediato. Você está muito mais exposto
do que qualquer outro artista".
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