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São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2003

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BIENAL

Intervenções propostas perderam, em junho, disputa contra o Rio pela candidatura brasileira à Olimpíada de 2012

Projeto derrotado é base para mostra de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo, uma das sete metrópoles tema da 5ª BIA, tem sua mostra estruturada a partir de uma proposta derrotada: o projeto para a sede dos Jogos Olímpicos, em 2012. O Rio foi a escolhida pelo Comitê Olímpico Brasileiro para concorrer ao evento.
"O Projeto Olímpico partiu da constatação da geografia da cidade, que se situa entre rios, numa área em que cabe uma Barcelona. São 100 km2. O projeto visa a possibilidade de a cidade sediar eventos internacionais, o que aceleraria a implantação de melhorias urbanas. A cidade tem que se transformar por projetos", afirma José Magalhães Júnior, curador de São Paulo e diretor de projetos urbanos da Secretaria Municipal de Planejamento (Sempla).
A mostra apresenta os cinco núcleos propostos pelo projeto olímpico: do Parque Ecológico do Tietê, onde aconteceria a competição de remo; do Anhembi, onde seria criado um novo bairro e um estádio; da Água Branca, com a vila olímpica e um grande estádio; do Villa-Lobos, para a instalação de quadras de tênis; do Ibirapuera, com a construção do teatro que consta do projeto original de Oscar Niemeyer; e do Guarapiranga, com o Projeto Navegar.
"São Paulo é uma cidade que cresceu praticamente sem planejamento. No início do século 20 era um acanhado núcleo urbano, com menos de 250 mil habitantes. Só em 1968 foi criado um Plano Diretor, que não foi posto em prática. Precisamos de projetos estratégicos e o Projeto Olímpico é um bom exemplo" afirma Magalhães.
Anteontem, quando a reportagem da Folha visitou a 5ª BIA, a sala de São Paulo não estava ainda montada mas, segundo o curador, a cidade será vista também em cinco projeções na sala.
Segundo Magalhães Júnior, o Projeto Olímpico tomou base visão de uso do solo do geógrafo Milton Santos (1926-2001): "É preciso pensar no território, nesse mundo globalizado de cidades verticalizadas. Para se contrapor a esse modelo é importante ocupar as horizontalidades, só a solidariedade pode gerar um novo modelo de desenvolvimento".
São Paulo será vista ainda segundo o que o curador afirma ser uma "política de restauração de território". Assim, serão expostos os Centros de Educação Unificados (CEU), a proposta de recuperação do edifício São Vito, a construção do teatro projetado por Niemeyer para o parque do Ibirapuera, e a recuperação do conjunto Vaz Guimarães, legado dos Jogos Pan-Americanos de 62, por parte do Estado.
Não seria essa uma visão muito "chapa branca" da cidade? "Nossa proposta é que não há como um arquiteto transformar a cidade, mas é preciso criar projetos estratégicos", afirma o curador. (FCY)


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