São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2005

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Reciclagem move indies, gravadoras e bandas

DA REPORTAGEM LOCAL

Cheira a espírito adolescente. Como há muito não se via, o rock brasileiro parece se reciclar, servindo de trampolim para que bandas independente se tornem grandes, apoiadas por gravadoras que possuem estrutura decente.
Trama, Cansei de Ser Sexy, ST2 Records e Forgotten Boys são provas desse renascimento.
O CSS, recém-contratada pelo selo Trama Virtual, deve lançar o aguardado disco de estréia em outubro. O próximo lançamento da gravadora, uma divisão da Trama, será o segundo disco dos pernambucanos Mombojó.
A Trama e a ST2 refletem o surgimento de gravadoras que não têm o tamanho das majors, mas o esquema é tão profissional quanto, investindo em marketing e dando suporte às bandas. É o que acontece nos EUA e na Europa, onde selos como XL Recordings, Heavenly, Domino e Tigersushi, entre tantos outros, conseguem colocar com freqüência discos de seus artistas, como White Stripes, Dizzee Rascal, The Magic Numbers e Franz Ferdinand, nas paradas de discos mais vendidos.
São gravadoras que têm a internet como suporte de apoio e divulgação de suas bandas, e não veículo para processar jovens que trocam arquivos de MP3. São gravadoras como a ST2, dos Forgotten Boys, e a Trama Virtual, do Cansei de Ser Sexy -a Trama recentemente convidou um jornalista do inglês "Observer" para vir ao Brasil assistir a shows do CSS; a viagem rendeu enorme reportagem dentro do jornal.
As rádios estão tentando seguir essa tendência de renovação, com a crescente concorrência de podcast e rádios on-line. A gigante Radio 1, da britânica BBC, há pouco mais de dois anos reformulou toda a grade de programação e passou a reservar grande parte de seus horários a artistas novos.
Emissoras roqueiras de São Paulo, como a 89 FM e a Brasil 2000, insistem no velho e desgastado esquema de "mais do mesmo", dedicando tempo a grupos que já estão há mais de 20 anos na estrada ou a bandas como Charlie Brown Jr. e CPM 22, cópias mal resolvidas do pior que se faz lá fora (como o nu-metal e o rock emo), mas vêm abrindo espaço considerável para revelações.
A MTV também parece se mexer. Ainda que continue investindo no formato "Acústico" com dinossauros redivivos, como Ultraje a Rigor, a emissora reserva horários para grupos independentes em programas como o "Banda Antes" e o "Jornal da MTV".
A exposição aumenta e leva junto o número de fãs. Exemplo são os próprios Forgotten Boys, que têm dedicados à banda nove comunidades no Orkut. Ou a carioca Leela, que deixou o circuito indie para abrir shows de Avril Lavigne. Ou o quinteto paulista Gram, responsável por uma edição do DVD "MTV Apresenta".
Outro indicador do ressurgimento do rock independente do Brasil é o Video Music Brasil, da MTV, que acontece em 29 deste mês. Entre os concorrentes a prêmios, estão Autoramas (quatro indicações) e Ludov (três).
O festival Campari Rock, que tomou uma antiga fábrica em São Paulo no mês passado, foi todo ele composto por independentes, como Irmãos Rocha!, Jumbo Elektro e Mercenárias.
(TN)


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