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Crítica
Iniciação de Che é superficial em "Diários"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Diários de Motocicleta"
(HBO, 18h15) é, possivelmente,
o filme mais chocho de Walter
Salles, o que não o impede de
ser um projeto mais pessoal do
que, digamos, "Água Negra",
que é um filme muito mais
bem-sucedido.
Por que isso acontece? Antes
de tudo, nunca conseguimos
perceber em que essa viagem
iniciática pela América do Sul
levaria Guevara a se transformar, em seguida, no guerrilheiro em que se transformou.
Mesmo os episódios destinados a demonstrar alguma aquisição de consciência social
soam superficiais.
Essa sensação pode ser atribuída aos diários. Ou ao amigo
Alberto Granado, bem mais
efusivo que ele. Ou ao amigo tal
como visto nos diários. Etc. Pode também acontecer por conta desse aspecto paisagístico do
filme, que não se sabe ao certo
a que vem.
O certo é que o todo resulta
tão frouxo quanto o é, hoje, a
idéia de uma América Latina
unida no sentimento antiimperialista: nosso ideal, sabemos
bem, é Miami.
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