São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

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Com 1.200 fotos do século 19, livro reúne acervo da Princesa Isabel

Bia e Pedro Corrêa do Lago conseguiram imagens com única neta viva da princesa

CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O maior acervo fotográfico brasileiro do século 19, ainda desconhecido, foi descoberto por acaso quando os pesquisadores Bia e Pedro Corrêa do Lago faziam uma visita a Thereza Maria de Orleans e Bragança em sua casa na Europa. Enquanto conversavam, a única neta ainda viva da Princesa Isabel e do Conde D'Eu contou a eles que guardava sob seus cuidados um grande baú de ferro que continha fotos herdadas dos avós. Convidados a examinar o material, em um primeiro momento os pesquisadores pensaram que se tratava de uma coleção de retratos domésticos -realmente havia muitos registros da Família Real na intimidade ou em poses solenes. Porém, à medida em que aprofundavam a pesquisa, Bia e Pedro foram encontrando olhares diversos sobre o Brasil oitocentista. A partir de uma seleção que procurou ser a mais abrangente possível, eles reuniram 1.200 fotografias no livro "Coleção Princesa Isabel - Fotografia do Século 19" (Editora Capivara). De acordo com os pesquisadores, mais da metade é inédita. Entre anônimos e famosos, há nomes como Revert Henry Klumb, com quem a Princesa Isabel chegou a tomar algumas aulas práticas, Marc Ferrez, Augusto Stahl e Georges Leuzinger. As fotos revelam um país exótico e primitivo, de belas paisagens naturais e urbanização incipiente, em contraposição ao Rio de Janeiro, com sua corte civilizada e agitada vida social. Uma série de fotos da casa Teixeira e Vasquez é a síntese deste contraste. Nela, um índio serve de modelo em frente a um cenário "selvagem" construído em estúdio em que se destacam a cabeça e a pele de uma onça pintada.

Fotojornalismo
Um dos primeiros exercícios de fotojornalismo de que se tem notícia na iconografia brasileira, a série "A Abolição no Brasil" é um conjunto de 13 imagens que registram os movimentos de 13 de maio de 1888, data em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea libertando os negros do regime de escravidão. Destas, apenas quatro já eram conhecidas. Antônio Luiz Ferreira capta desde as manifestações populares nas ruas do Rio até um instantâneo da sessão de votação da lei no Senado. Curiosamente, são raras as fotos de negros encontradas na coleção, exceção feita ao registro de manifestações populares, como a congada e a festa dos devotos de Nossa Senhora do Rosário no Estado de Minas Gerais, e a um outro personagem folclórico.

COLEÇÃO PRINCESA ISABEL - FOTOGRAFIA DO SÉCULO 19
Organização e Texto: Bia e Pedro Corrêa do Lago
Editora: Capivara
Quanto: R$ 190 (432 págs.)



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