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Com 1.200 fotos do século 19, livro reúne acervo da Princesa Isabel
Bia e Pedro Corrêa do Lago conseguiram imagens com única neta viva da princesa
CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O maior acervo fotográfico
brasileiro do século 19, ainda
desconhecido, foi descoberto
por acaso quando os pesquisadores Bia e Pedro Corrêa do Lago faziam uma visita a Thereza
Maria de Orleans e Bragança
em sua casa na Europa. Enquanto conversavam, a única
neta ainda viva da Princesa Isabel e do Conde D'Eu contou a
eles que guardava sob seus cuidados um grande baú de ferro
que continha fotos herdadas
dos avós.
Convidados a examinar o
material, em um primeiro momento os pesquisadores pensaram que se tratava de uma coleção de retratos domésticos
-realmente havia muitos registros da Família Real na intimidade ou em poses solenes.
Porém, à medida em que aprofundavam a pesquisa, Bia e Pedro foram encontrando olhares
diversos sobre o Brasil oitocentista. A partir de uma seleção
que procurou ser a mais abrangente possível, eles reuniram
1.200 fotografias no livro "Coleção Princesa Isabel - Fotografia do Século 19" (Editora Capivara). De acordo com os pesquisadores, mais da metade é
inédita. Entre anônimos e famosos, há nomes como Revert
Henry Klumb, com quem a
Princesa Isabel chegou a tomar
algumas aulas práticas, Marc
Ferrez, Augusto Stahl e Georges Leuzinger.
As fotos revelam um país
exótico e primitivo, de belas
paisagens naturais e urbanização incipiente, em contraposição ao Rio de Janeiro, com sua
corte civilizada e agitada vida
social. Uma série de fotos da casa Teixeira e Vasquez é a síntese deste contraste. Nela, um índio serve de modelo em frente a
um cenário "selvagem" construído em estúdio em que se
destacam a cabeça e a pele de
uma onça pintada.
Fotojornalismo
Um dos primeiros exercícios
de fotojornalismo de que se
tem notícia na iconografia brasileira, a série "A Abolição no
Brasil" é um conjunto de 13
imagens que registram os movimentos de 13 de maio de 1888,
data em que a Princesa Isabel
assinou a Lei Áurea libertando
os negros do regime de escravidão. Destas, apenas quatro já
eram conhecidas. Antônio Luiz
Ferreira capta desde as manifestações populares nas ruas do
Rio até um instantâneo da sessão de votação da lei no Senado.
Curiosamente, são raras as
fotos de negros encontradas na
coleção, exceção feita ao registro de manifestações populares, como a congada e a festa
dos devotos de Nossa Senhora
do Rosário no Estado de Minas
Gerais, e a um outro personagem folclórico.
COLEÇÃO PRINCESA ISABEL -
FOTOGRAFIA DO SÉCULO 19
Organização e Texto: Bia e Pedro Corrêa do Lago
Editora: Capivara
Quanto: R$ 190 (432 págs.)
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