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Roberta Sá transita entre o novo e o velho
Em DVD com show, cantora carioca mostra erros e acertos da geração que levou o samba de volta ao pop
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
São só dois álbuns gravados:
"Braseiro" (2005) e "Que Belo
Estranho Dia pra se Ter Alegria" (2007). Pouco -e cedo-
demais para que Roberta Sá,
28, tenha conquistado suficiente relevância no que podemos
chamar de "linha evolutiva" da
nova música do Brasil?
De forma nenhuma.
Por estar fazendo a coisa certa na hora exata, Roberta -bem
como, entre outras, suas colegas Vanessa da Mata, Teresa
Cristina, Mariana Aydar e
Céu- acabou ocupando papel
simbólico na geração 2000.
Representa o sucesso estético do projeto que mobilizou,
em parte inconscientemente,
um bom número de artistas por
toda esta década: o de trazer o
samba de volta ao centro da
questão pop nacional.
Nesse sentido, o DVD "Pra se
Ter Alegria", que reúne em um
único show o repertório dos
dois discos de Roberta, reflete
mais que apenas a pequena carreira da cantora. Funciona como o balanço dessa etapa, desse
tempo de reconquistas.
"Como é que a gente vai se
colocar dentro da música brasileira?", ela ainda se pergunta.
"O que eu posso fazer em um
país que tem, na ativa, artistas
como Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Elza Soares?"
Muito foi feito. A geração 80
negou -matou, até- qualquer
influência brasileira para não
ter que enfrentar a segunda
questão que Roberta expõe. Os
artistas de hoje, ao contrário,
são o resultado -positivo- de
um duelo contra esse mesmo
monstro. Quase encerrada esta
década, veem os resultados estabilizados e, ao lado deles, já os
primeiros sinais de desgaste.
Nisso pesam as equalizações
nem sempre equilibradas entre
passado e presente, memória e
invenção, respeito e inovação.
O DVD de Roberta aponta isso,
já que, como seus discos, regrava número considerável de
canções de velhos tempos.
A cantora discorda dessa
equação. "O que as pessoas não
conhecem é novidade", diz. E
questiona: "O que é uma música inédita? Uma que nunca foi
gravada ou uma que as pessoas
não conhecem?". Ela mesma
responde: "Se for uma música
antiga que ninguém conheça
com uma sonoridade inédita,
ela é uma música nova".
Pois é assim mesmo, em coreografia nem sempre harmoniosa entre o ontem e o agora,
que a coisa vem andando -ao
menos para a respeitável turma
de Roberta Sá. Há tropeços, é
verdade -mas a importância
da dança é inquestionável.
PRA SE TER ALEGRIA
Artista: Roberta Sá
Gravadora: MP,B/ Universal
Quanto: R$ 39,90
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