São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Espanha critica Brasil à frente de "Lope"

Andrucha Waddington diz que sentiu "reação agressiva" por parte de compatriotas do escritor Lope de Vega

Vida do autor barroco é contada em coprodução orçada em 20 milhões de euros; filme virá às mostras do Rio e de SP

Divulgação
A espanhola Pilar López de Ayala e o argentino Alberto Ammann em cena de "Lope", ambientado na Espanha e dirigido por Andrucha Waddington

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A VENEZA

Para os espanhóis, desceu como um prato indigesto.
O tempero brasileiro colocado na versão cinematográfica da biografia de Lope de Vega, autor do barroco que, na Espanha, é figura tão conhecida quanto Miguel de Cervantes, escritor de "Dom Quixote", desagradou a seus compatriotas.
"O que senti foi uma reação agressiva", diz o cineasta Andrucha Waddington já em terreno neutro, a Itália.
"Nas entrevistas que dei, os espanhóis queriam que eu me justificasse por ser brasileiro. É uma postura bem preconceituosa."
Antes de vir para o Festival de Veneza, onde apresentou "Lope" fora de competição, o diretor passou por Madri.
Lá, a coprodução de Brasil e Espanha, orçada em 20 milhões de euros (R$ 43,7 milhões), foi lançada no último dia 3 em 310 salas e ficou na lista dos cinco longas mais vistos do final de semana.
Mas, afinal de contas, como o Brasil e Waddington entraram na aventura de Lope de Vega?

VÁRIOS COFRES
O projeto remonta a 2005, quando uma executiva brasileira da Columbia Pictures foi transferida para o escritório espanhol da companhia.
Ao ler o roteiro de "Lope", ela decidiu procurar Waddington, com quem havia trabalhado antes em "Casa de Areia" (2005).
"Li à noite, liguei para ela logo no dia seguinte e disse que queria, de qualquer jeito, fazer o filme", conta o diretor de 40 anos. "Fiquei fascinado pela história daquele jovem que acreditava no sonho de ser artista e ganhar dinheiro escrevendo."
Mas eis que a Columbia fechou seu escritório na Espanha. Entrou então em cena o Brasil. A produtora carioca Conspiração Filmes associou-se aos roteiristas e foi atrás do dinheiro.
Warner e Telefonica entraram no projeto com recursos da Lei do Audiovisual. A TV espanhola Antena 3 que, por lei, tem de investir 5% da receita publicitária em filmes, associou-se também.
Vieram ainda Tele Madri, o francês Canal Plus e a brasileira Teleimage.
Estruturava-se, assim, a primeira grande coprodução internacional originada no Brasil.
Distribuído pela Fox na Espanha e pela Warner no Brasil e na América Latina, o filme será vendido pela Wilde Bunch, outra grande empresa, para demais países.
"Mas o mercado principal é a Espanha", delimita o cineasta. No Brasil, "Lope" passará pelo Festival do Rio, pela Mostra de São Paulo e entrará em cartaz oficialmente no dia 26 de novembro.

FIM DE FESTA
Já a participação em Veneza, apesar de importante, ficou um pouco à sombra na programação do Lido.
Exibido no último dia da mostra, o filme atraiu não teve repercussão crítica.
"A crítica e os programadores têm tendência a valorizar o que tem aparência de tosco, impenetrável. Meu filme é clássico, esperançoso."
A sessão aberta ao público, por outro lado, terminou em aplausos no último sábado. "Quis fazer um filme com o espírito do Lope, divertido e popular."


Texto Anterior: FOLHA.com
Próximo Texto: Raio-x: Lope de Vega
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.