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CINEMA
Festival internacional deixa as salas improvisadas do Zoo Palast, onde foi realizado durante 42 anos
Berlim celebra os 50 anos com nova sede
da equipe de articulistas
O Festival Internacional de Cinema de Berlim vai ganhar nova
sede para celebrar, entre 9 e 20 de
fevereiro de 2000, sua 50ª edição.
Depois de 42 anos de projeções algo improvisadas no Zoo Palast,
um conjunto de salas comerciais
de cinema no coração da antiga
Berlim Ocidental, o evento será
transferido para o imponente
Berlinale-Palast na Potsdamer
Platz do antigo lado oriental.
A nova sede já está pronta, em
mais um triunfo arquitetônico da
Berlim tornada megacanteiro de
obras devido à volta de status de
capital político-administrativa da
Alemanha. Defronte ao Palast,
endereço das principais projeções, incluindo a mostra competitiva, situa-se uma ampla praça em
homenagem a Marlene Dietrich.
Uma caminhada de cinco minutos leva a outro complexo de
salas, batizado CinemaxX (sic).
Dez cinemas vão ser sede das
mostras paralelas, como o Panorama, a Retrospectiva e o Festival
de Cinema Infantil, e o autônomo
Fórum do Cinema Jovem. O mercado para o cinema europeu vai
para o piso inferior do complexo.
"A mudança não foi uma decisão inicial do festival, mas faz sentido", reconhece o diretor do
evento, Moritz de Hadeln, em texto publicado no catálogo de apresentação da nova sede. "Nos últimos dez anos o público mais que
dobrou, superando a capacidade
da presente localização".
Não será a estréia da Berlinale
na antiga Berlim Oriental. A partir da queda do muro, desde a edição de 1990, o festival exibe parte
de seu programa em salas na região.
Berlim é um evento acostumado a mudanças -de perfil mais
que de logística. Nasceu sob o signo da Guerra Fria, numa cidade
dividida pelas potências vitoriosas da Segunda Guerra. Não surpreende que, mais que Cannes e
Veneza, seus parceiros entre os
três grandes, tenha sido tradicionalmente o mais aberto ao cinema engajado.
O festival alemão foi pioneiro
no lançamento dos chamados
"cinemas novos" dos anos 60, como comprova o triunfo ainda em
1959 de "Os Primos" de Chabrol,
em 1961 de "A Noite" de Antonioni e em 1965 de "Alphaville" de
Godard. Vários clássicos do cinema novo brasileiro por lá passaram, ainda que a primeira vitória
nacional tenha acontecido apenas no ano passado com "Central
do Brasil".
Na última década, depois da
dissolução do império soviético e
da reunificação alemã, nova mudança de rumos procurou sintonizar o festival com o advento da
Europa unida. Um mercado específico foi estabelecido e a produção européia tornou-se largamente majoritária, ao menos em
número, na lista de concorrentes
ao Urso de Ouro.
Berlim passou a ser ainda, dos
grandes festivais, o mais sintonizado com a produção hollywoodiana. A coincidência entre o período do festival e o anúncio dos
concorrentes ao Oscar transformou-o na principal plataforma
de lançamento na Europa dos
preferidos da academia.
Um olho nos independentes,
outro em Hollywood -eis a presente fórmula. Cinco dos vitoriosos dos anos 90 vieram dos EUA.
Ao mesmo tempo, Berlim revelou ao mundo cineastas do porte
de Zhang Yimou, Ang Lee e Walter Salles, entre outros.
Não é a toa que o primeiro título confirmado para o 50º festival é
o novo filme de Zhang, "O Caminho para Casa". Recém-detentor
de um Leão de Ouro em Veneza
99 por "Nenhum a Menos", o cineasta chinês inaugurou sua estante de prêmios com o Urso de
Ouro obtido em Berlim por seu
filme de estréia, "Sorgo Vermelho" (1988).
(AMIR LABAKI)
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