DA REPORTAGEM LOCAL

Convidado especial da 28ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (22/10 a 4/11), que exibirá sua obra em retrospectiva, o cineasta iraniano Abbas Kiarostami, 64, ocupa as livrarias brasileiras neste mês também com um relato em primeira pessoa.
"Abbas Kiarostami", edição conjunta da Cosac & Naify e da organização da Mostra de SP, traz fotografias, poemas e prosa assinados pelo cineasta, além de sua filmografia completa, de uma análise de sua obra pelo franco-iraniano Youssef Ishagpour e de um posfácio de Stella Senra.
Entre as 58 fotos reproduzidas no livro, estão as 52 da série "As Estradas de Kiarostami", que enfoca paisagens, sempre recortadas por estradas, no norte do Irã.
O diálogo (involuntário) com os "Caminhos de Kiarostami", de Jean-Claude Bernardet, ganha o reforço de uma exposição dessas fotos, que o Museu de Arte Brasileira da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) abrigará a partir do próximo dia 24, paralelamente à Mostra de Cinema.
Nos textos de "Abbas Kiarostami", o cineasta faz revelações sobre o processo de filmagem de seus títulos e descreve em crônica a experiência de seguir pelas ruas de São Paulo uma garota moradora de rua -"Uma boa, boa cidadã", publicado em 1998 pelo caderno Mais!.
Kiarostami havia estado na cidade em 1994, como convidado da 24ª Mostra. O diretor retorna neste ano para acompanhar sua retrospectiva e oferecer um workshop com vagas restritas (cujas inscrições terminam hoje).
Os pontos de vista de Ishagpour e Bernardet sobre a obra de Kiarostami são coincidentes em alguns aspectos, e Bernardet chega a citar o colega iraniano em "Caminhos de Kiarostami", incorporando um recurso até então inédito em seus textos.
"Certas coisas que percebi em Kiarostami e encontrei também em outros críticos preferi colocar não a minha percepção, mas a de outro crítico, como se fosse um texto escrito por várias vozes."