São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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ANÁLISE

Desenho "Samurai Jack" explora o inusitado

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Às vezes é difícil entender os critérios de programação das emissoras. "Samurai Jack", um interessante desenho animado norte-americano, já em sua terceira temporada, premiado no último Emmy, é um desses casos.
O desenho, que ganhou o prêmio de melhor animação com menos de uma hora, é de autoria de Genndy Tartakovsky, criador também de "O Laboratório de Dexter", um popular infantil sobre um cientista inventor mirim.
"Samurai Jack" é um exemplo de programa inteligente, sintonizado com os recursos contemporâneos. O desenho combina referências orientais e ocidentais. Contempla a convencional ação guerreira, mas admite também longas seqüências lentas.
O desenho interessa principalmente pelo que tem de inusitado. O herói herdeiro, mandado para o futuro para se preparar e voltar no tempo para libertar seu povo das forças malignas de Aku, atravessa uma infinita, estreita e precária ponte pênsil.
Num determinado ponto, Jack, o guerreiro bem disposto, educadamente pede licença a um ser peculiar -e gordo-, personagem que caminha na direção oposta. Mas o curioso transeunte resolve engrossar.
O resultado é uma luta corporal intensa que leva os dois combatentes a um profundo mergulho no vazio.
Ressurgem em um outro mundo. Um ambiente aquático providencial facilita a aterrissagem. O lago, cercado de paisagens bucólicas, é o cenário onde a relação peculiar continua.
O universo de Jack é assim multidimensional e multidirecional. Embora o plot básico não se diferencie do melodrama mais convencional, o desenho impressiona ao explorar possibilidades de narrativa pouco linear.
No mundo saturado de violência previsível que habita o universo das animações, "Samurai Jack" revela alguma sutileza.
Estranho mesmo é o horário de exibição do desenho, de terça a sábado às 3h da manhã, no Cartoon Network.


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