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ANÁLISE
Desenho "Samurai Jack" explora o inusitado
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Às vezes é difícil entender os critérios de programação das emissoras. "Samurai Jack", um interessante desenho animado norte-americano, já em sua terceira
temporada, premiado no último
Emmy, é um desses casos.
O desenho, que ganhou o prêmio de melhor animação com
menos de uma hora, é de autoria
de Genndy Tartakovsky, criador
também de "O Laboratório de
Dexter", um popular infantil sobre um cientista inventor mirim.
"Samurai Jack" é um exemplo
de programa inteligente, sintonizado com os recursos contemporâneos. O desenho combina referências orientais e ocidentais.
Contempla a convencional ação
guerreira, mas admite também
longas seqüências lentas.
O desenho interessa principalmente pelo que tem de inusitado.
O herói herdeiro, mandado para
o futuro para se preparar e voltar
no tempo para libertar seu povo
das forças malignas de Aku, atravessa uma infinita, estreita e precária ponte pênsil.
Num determinado ponto, Jack,
o guerreiro bem disposto, educadamente pede licença a um ser
peculiar -e gordo-, personagem que caminha na direção
oposta. Mas o curioso transeunte
resolve engrossar.
O resultado é uma luta corporal
intensa que leva os dois combatentes a um profundo mergulho
no vazio.
Ressurgem em um outro mundo. Um ambiente aquático providencial facilita a aterrissagem. O
lago, cercado de paisagens bucólicas, é o cenário onde a relação peculiar continua.
O universo de Jack é assim multidimensional e multidirecional.
Embora o plot básico não se diferencie do melodrama mais convencional, o desenho impressiona
ao explorar possibilidades de narrativa pouco linear.
No mundo saturado de violência previsível que habita o universo das animações, "Samurai Jack"
revela alguma sutileza.
Estranho mesmo é o horário de
exibição do desenho, de terça a
sábado às 3h da manhã, no Cartoon Network.
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