São Paulo, quinta, 13 de novembro de 1997.




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cosa Nostra é selo particular do rap

da Reportagem Local

Com o novo disco, os Racionais MC's lançam também um selo próprio na praça, a Cosa Nostra Fonográfica, que pode divulgar brevemente outros grupos de rap.
Responsável por vendas que superam muitos artistas do primeiro time da indústria convencional, Mano Brown e companhia devem chegar, sem muito esforço, à faixa dos 100 mil discos rapidamente.
Lançado há menos de 15 dias, a distribuidora Zambia ainda não tem um balanço colhido no mercado, mas os seus dirigentes apostam até em uma vendagem mais alta. Mas preferem não citar números.
O termômetro dessa expectativa foi a festa de lançamento realizada nas Grandes Galerias, conjunto de lojas localizadas no centro da cidade de São Paulo.
Os Racionais foram seguidos por uma multidão que parecia composta por fiéis religiosos.
A uma certa altura, algumas casas de discos precisaram ser fechadas, devido à invasão de fãs que acompanhavam Mano Brown, Ice Blue, Edy Rock e KL Jay e clamavam por um autógrafo.
Nos shows, no circuito da periferia da Grande São Paulo, o assédio tem sido o mesmo, embora o grupo não faça a divulgação convencional na mídia nem conte com o esquema de ajuda dos programas de auditórios da TV.
Bom momento
O sucesso dos Racionais e Pavilhão 9, outro grupo badalado de São Paulo, vem confirmar o bom momento que vive o rap (ritmo e poesia, em inglês) no Brasil.
Foi uma longa história, de quase duas décadas, que deve muito a pioneiros como Thayde e DJ Hum, autores do hit "Senhor Tempo Bom", que desde o início dos anos 80 sacode versos com scratches (espécie de arranhões musicais em discos de vinil) para animar bailes e jornadas na rua.
No momento, pratica-se hip hop em todos os estilos e com as mais variados sotaques e levadas possíveis. Do swing sampleado do Planet Hemp à influência da embolada e do repente do Faces do Subúrbio, de Pernambuco.
Na mesma cidade de São Paulo tem o rap hardcore (com guitarra pesada) do Pavilhão 9, que está na praça com o disco "Cadeia Nacional", e o Potencial 3, formado por filhos de sambistas que juntaram, na mesma mesa, o pandeiro e o DJ.
A pernambucana Nação Zumbi, com o canto certeiro de Jorge Du Peixe, vai coroar esse movimento com um disco-tributo ao rapper Chico Science, que deve sair do forno em janeiro. (XS)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.