São Paulo, quinta, 13 de novembro de 1997.




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Uma bofetada na noite

HELOISA SEIXAS
O nome do bar era quase um presságio: Bofetada. Mas a noite era de festa, a televisão do bar ligada, havia um jogo de futebol. Todos riam, torciam. Ao fundo, numa mesa, uma mulher -só. Diante dela, um copo de caipirinha. Mãos imóveis, ouvidos tapados pelo fone do walkman, num isolamento acintoso, a mulher tinha o olhar perdido e marejado, com expressão de enorme sofrimento. Como sua mesa ficava bem embaixo da TV, os olhos dos torcedores, alegres, de vez em quando baixavam e davam com o olhar da mulher. Tanta tristeza era uma agressão. Ela era a bofetada.



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