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Uma bofetada na noite
HELOISA SEIXAS
O nome do bar era quase
um presságio: Bofetada.
Mas a noite era de festa, a
televisão do bar ligada, havia um jogo de futebol. Todos riam, torciam. Ao fundo, numa mesa, uma mulher -só. Diante dela, um
copo de caipirinha. Mãos
imóveis, ouvidos tapados
pelo fone do walkman,
num isolamento acintoso, a
mulher tinha o olhar perdido e marejado, com expressão de enorme sofrimento.
Como sua mesa ficava bem
embaixo da TV, os olhos
dos torcedores, alegres, de
vez em quando baixavam e
davam com o olhar da mulher. Tanta tristeza era uma
agressão. Ela era a bofetada.
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