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Crítica
"Paris, Texas" é o fim do melhor Wim Wenders
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Se há um filme ambíguo nesse mundo, como resultado, é "Paris, Texas" (TC Cult,
19h20). De certo ponto de vista, é tudo aquilo que Wim
Wenders poderia ter sonhado:
estar nos EUA, no apogeu da
carreira, realizando seu sonho
americano e, ao mesmo tempo,
recuperando-se do pesadelo
que foi a produção de "Hammett", dois anos antes.
Temos ali um filme claramente wendersiano: um homem perdido, o deserto, a errância. E depois o reencontro
do filho e a busca da mulher,
que havia desaparecido.
Se o deserto e a perda designam algo que vem dos primeiros anos da carreira de Wenders, a mulher e a cidade vão
apontar para algo um pouco diferente, neste filme de 1984: algo como uma condenação desse novo mundo que o fascinara
de forma tão intensa.
"Paris, Texas" é o apogeu do
prestígio de Wenders, resume
suas virtudes, mas também
já anuncia, pelo desapontamento com a América, a perda
das ilusões e o fim do melhor
Wenders.
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