|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Minimania polêmica
Objetos de debate no país, os microvesti dos e as minissaias invadem as ruas de SP e as passarelas europeias
Entre palmas e vaias, ela está
de volta. Hit e objeto de desejo
das últimas coleções apresentadas na temporada de verão
europeia, a minissaia retornou
e não veio sozinha. Trouxe com
ela microshorts e microvestidos, menores e mais ousados
do que o "modelo Geisy", causa
de uma das maiores polêmicas
fashion no Brasil.
A estudante Geisy Arruda,
20, ficou conhecida no país inteiro depois de ter sido covardemente humilhada no campus da Uniban em São Bernardo. Tudo porque a loura usava
um minivestido rosa-fúcsia
considerado "provocante" demais pela cartilha pudica (e hipócrita) de alguns alunos.
O caso gerou uma reação em
cadeia de caretices, com direito
à ressurreição de manuais de
estilo jurássicos, que proíbem o
uso dos mínis em ambientes
acadêmicos e de trabalho.
Por outro lado, o modelito
despertou um animado movimento em defesa da minissaia,
que repercutiu nos blogs espalhados pela internet e entre os
criadores de moda.
O estilista Dudu Bertholini,
da grife Neon, defende o potencial contestador e explosivo dos
comprimentos micro. "A minissaia foi criada em plena ebulição do espírito revolucionário
dos anos 60, veio junto com a
pílula anticoncepcional e com
diversas conquistas femininas.
É uma peça de roupa que carrega uma história relacionada à
liberação da mulher", afirma.
Para o designer, as mínis são
também uma resposta à chamada "moda da crise", roupas
bastante sisudas em tons neutros, que dominaram as temporadas anteriores. "Enquanto algumas grifes apostaram no básico e no clássico, outras, como
a Balmain, que é o grande hype
do momento, investiu tudo no
ultrassexy, usando as mínis como armas de poder e de sedução", completa.
E, mal voltaram à moda, os
mínis já estão movimentando o
mercado. Os microshorts, incluindo os modelos sofisticados, feitos para a noite, estão
entre os itens mais procurados
na NK Store, loja multimarcas
de luxo da empresária Natalie
Klein. "As mulheres também
compram muito as minissaias
de cetim e os microvestidos
com volume, que servem tanto
para o dia quanto para uma balada", afirma Thiago Costa Rego, diretor de marketing da loja.
Além da NK Store, Natalie
também comanda a primeira
loja brasileira do estilista Marc
Jacobs, onde foi realizado, na
última terça-feira, o desfile da
coleção inverno 2009/10 do designer americano. Entre os
itens selecionados para as consumidoras brasileiras, diversos
modelos curtinhos. Por ironia
do destino, o mais curto deles é
um minivestido rosa-fúcsia,
uma espécie de primo rico do
"modelo Geisy".
Das passarelas de Jacobs,
Versace, Prada, Balmain e Dolce & Gabanna, entre dezenas de
outras grifes e lojas, as mínis
começam a invadir as ruas de
São Paulo. E não só durante a
noite e nas pistas das baladas.
"Eu uso mini para trabalhar. Só
tomo o cuidado de combinar
com sapatilha baixa e camisa.
Fica mais discreto", conta Heloisa Gomes, 25, vendedora da
Daslu que passeava com sua
microssaia pela rua Augusta
depois de encerrar o expediente na megastore de luxo.
Voltando de um teste de seleção nas imediações da rua Oscar Freire, na última quarta, a
modelo Karol Buss, 18, também
usava um minivestido como
uniforme de trabalho. "Está calor, não tem como cobrir as
pernas. Geralmente uso jeans,
mas com essa temperatura, um
vestido e uma sapatilha são
perfeitos", diz.
De Milão a São Bernardo do
Campo, passando pelos Jardins, o último grito da moda é
seguir a tendência Geisy: botar
as pernocas de fora, bem na cara dos caretas.
Texto Anterior: Sistema Rain viabiliza lançamento de brasileiros Próximo Texto: "Vestidos são uniformes", diz a baixista Kim Gordon Índice
|