São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica / "2012"

Filme sobre fim do mundo é tão exagerado que faz rir

ANDRÉ BARCINSKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Roland Emmerich é o verdadeiro cineasta-catástrofe. Nos últimos 15 anos, o diretor alemão já tramou a destruição do planeta três vezes. Em "Independence Day" (1994), os culpados foram extraterrestres. Em "O Dia Depois de Amanhã" (2004), o aquecimento global. Agora, em "2012", a culpa é dos maias. Ou melhor: de uma erupção solar, prevista há milhares de anos pelo povo pré-colombiano.
"2012" é a mais nova versão hollywoodiana do fim do mundo, outra extravagância de explosões e efeitos especiais mirabolantes. Esse gênero de filme vive de clichês desde a ficção científica anticomunista dos anos 50. Não podem faltar o cientista visionário que antevê a catástrofe, o político arrogante que ignora apelos do cientista e histórias de coragem de cidadãos comuns que se arriscam enfrentando ETs, meteoros, tsunamis, furacões e terremotos para salvar vizinhos, namoradas ou cachorros de estimação. Roland Emmerich se diverte brincando com esses clichês.
Na era Obama, não faz sentido ter um presidente americano carrancudo, careta e que duvide dos maias. O presidente de Emmerich, portanto, é interpretado por Danny Glover: negro, liberal e "verde". A questão não é se o mundo vai entrar em erupção, mas como os povos podem se unir para preservar a espécie. Lindo.
É tudo tão exagerado em "2012" que o público acaba gargalhando com o que deveria assustá-lo. Na pré-estreia, a plateia veio abaixo quando uma explosão destruiu o Vaticano e um maremoto acabou com o Cristo Redentor (tomara que consertem para 2016!). Nem a rainha Elizabeth escapa: ela aparece fugindo da maldição maia com seus cachorrinhos.
As cenas bizarras se sucedem numa espiral crescente de megalomania e efeitos de computação gráfica verdadeiramente carnavalescos. Para dar um ar "realista" ao filme (isso pode mesmo acontecer!), Emmerich abusa de cenas em que cientistas fazem simulações em computador: "Veja! O tsunami é da altura do Everest!".
Apesar de longo, meia horinha a menos não faria a menor falta -"2012" é um ótimo filme para assistir comendo pipoca. O negócio é deixar o cérebro na chapelaria e relaxar. E bom fim de mundo.


2012

Direção: Roland Emmerich
Com: John Cusack, Danny Glover
Produção: EUA, 2009 Onde: a partir de hoje no Bristol, Kinoplex Itaim e circuito
Classificação: 12 anos
Avaliação: bom




Texto Anterior: Cinema/Estreias: "Sou só um hippie paz e amor que abraça árvore"
Próximo Texto: Cinema/Estreias: Crítica/"Hotel Atlântico": Tipos curiosos crescem diante do tédio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.