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Crítica / "2012"
Filme sobre fim do mundo é tão exagerado que faz rir
ANDRÉ BARCINSKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Roland Emmerich é o
verdadeiro cineasta-catástrofe. Nos últimos
15 anos, o diretor alemão já tramou a destruição do planeta
três vezes. Em "Independence
Day" (1994), os culpados foram
extraterrestres. Em "O Dia Depois de Amanhã" (2004), o
aquecimento global. Agora, em
"2012", a culpa é dos maias. Ou
melhor: de uma erupção solar,
prevista há milhares de anos
pelo povo pré-colombiano.
"2012" é a mais nova versão
hollywoodiana do fim do mundo, outra extravagância de explosões e efeitos especiais mirabolantes. Esse gênero de filme vive de clichês desde a ficção científica anticomunista
dos anos 50.
Não podem faltar o cientista
visionário que antevê a catástrofe, o político arrogante que
ignora apelos do cientista e histórias de coragem de cidadãos
comuns que se arriscam enfrentando ETs, meteoros, tsunamis, furacões e terremotos
para salvar vizinhos, namoradas ou cachorros de estimação.
Roland Emmerich se diverte
brincando com esses clichês.
Na era Obama, não faz sentido
ter um presidente americano
carrancudo, careta e que duvide dos maias. O presidente de
Emmerich, portanto, é interpretado por Danny Glover: negro, liberal e "verde". A questão
não é se o mundo vai entrar em
erupção, mas como os povos
podem se unir para preservar a
espécie. Lindo.
É tudo tão exagerado em
"2012" que o público acaba gargalhando com o que deveria assustá-lo. Na pré-estreia, a plateia veio abaixo quando uma
explosão destruiu o Vaticano e
um maremoto acabou com o
Cristo Redentor (tomara que
consertem para 2016!). Nem a
rainha Elizabeth escapa: ela
aparece fugindo da maldição
maia com seus cachorrinhos.
As cenas bizarras se sucedem
numa espiral crescente de megalomania e efeitos de computação gráfica verdadeiramente
carnavalescos. Para dar um ar
"realista" ao filme (isso pode
mesmo acontecer!), Emmerich
abusa de cenas em que cientistas fazem simulações em computador: "Veja! O tsunami é da
altura do Everest!".
Apesar de longo, meia horinha a menos não faria a menor
falta -"2012" é um ótimo filme
para assistir comendo pipoca.
O negócio é deixar o cérebro na
chapelaria e relaxar. E bom fim
de mundo.
2012
Direção: Roland Emmerich
Com: John Cusack, Danny Glover
Produção: EUA, 2009
Onde: a partir de hoje no Bristol, Kinoplex Itaim e circuito
Classificação: 12 anos
Avaliação: bom
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