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Para gostar de ler
Rede de megabibliotecas públicas e programa de distribuição de livros gratuitos renovam gosto pela leitura em Bogotá
ROBERTO KAZ
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
Em 2007, a cidade de Bogotá foi agraciada, pela
Unesco, com o título de Capital Mundial do Livro.
O galardão não vinha ao
acaso. Seis anos antes, a capital da Colômbia inaugurara três megabibliotecas públicas -fruto da Biblored,
um programa municipal ao
qual se incorporam, hoje, outras 17 casas de leitura.
Em 2001, ano em que o
programa foi instaurado,
contabilizou-se 1,741 milhão
de visitas às bibliotecas do
Biblored. Em 2009, na última
contagem, o montante havia
pulado para 4,623 milhões.
Yolanda Nieto, diretora da
Biblored, aponta que, antes,
a biblioteca Luís Angel Arango, principal centro de consultas do país, recebia 3 milhões de visitas ao ano. Em
2005, quatro anos após a implementação da rede, este
número continuava igual.
"Mas nós, da Biblored, registramos outras 3 milhões de
visitas. Ou seja, criamos uma
demanda", conclui.
Segundo dados da Biblored, em quase uma década, a
média de livros lidos por pessoa na capital pulou de 1,2
para 1,8 ao ano. Parte dos
louros se deve a um projeto
paralelo, o Libro al Viento (livro ao vento), também subordinado à prefeitura.
Criado em 2004 para distribuir até 600 mil livros gratuitos por ano, o Libro al
Viento publicou mais de 40
títulos, que vão de Rubem
Fonseca a Sófocles. Os exemplares são deixados em terminais de ônibus, escolas e
repartições públicas, com
um aviso: "Este é um Libro al
Viento, para que você o leia,
e para que muitos outros o
leiam. Por isso, ao terminar,
devolva-o e pegue outro."
O escritor e editor do programa, Julio Paredes, comemora a taxa de devolução, na
ordem de 35%. "E, normalmente, quem não devolve está começando a montar uma
biblioteca pessoal em casa."
Ele diz não haver atrito
com as editoras: "Os livros
não chegam ao consumidor
que vai a uma livraria comprar um Émile Zola".
A Folha esteve em Bogotá
para ver o resultado dos programas e conhecer a mais nova megabiblioteca, a Julio
Mario Santo Domingo, inaugurada em maio deste ano.
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