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"Quando a gente se mexia, ele falava "stop"
da Reportagem Local
"Ha, ha, ha! O Michael não ficou
parecido. Ficou parecendo mulher!" Esse veredicto da obra do irlandês Brian Maguire foi dado por
um de seus próprios retratados, o
garoto Renan Santos Lima, 9.
Renan faz parte do grupo de
crianças retratadas com carvão sobre tela por Brian Maguire em
março deste ano. Todas são moradoras da favela de Vila Prudente. A
convite da Folha, cinco delas visitaram a exposição na terça-feira
passada.
O menino Renan, que acha engraçado o retrato do amigo Michael, se vê retratado de outro modo: "O meu ficou legal. O gringo
desenha muito bem".
Estar ali, exposto no térreo da
Bienal, é um motivo de orgulho
para os cinco. "É bom, porque as
pessoas podem ver a gente no meio
das culturas", fala Monique Pereira da Silva Lima, 10.
"Ele desenha a gente olhando
bem no olho", conta Cristiane de
Jesus Pereira, 12. "E quando a gente se mexia, ele falava "stop'", completa Renan.
O mais tímido, Fernando Pereira
da Silva, 11, é também o mais interessado. "Meu sonho, desde criança, era fazer escola de arte. Agora
eu faço", diz.
Fernando se refere às aulas que
tem no Centro Cultural Vila Prudente, local onde Maguire conheceu a criançada que retratou. O
centro é coordenado pelo artista
mineiro Antônio de Marcos, que
também ajudou Maguire em seu
trabalho para a Bienal.
"Eu achei o gringo legal, porque
ele preferiu trabalhar com a gente
da favela do que com outros", diz
Cristiane.
Maguire, que já não está mais no
Brasil, volta em dezembro, quando
retira os quadros da Bienal e os entrega a cada uma das crianças.
Neide da Silva Corrêa, 12, que
travou um diálogo em inglês ao conhecer o artista -"What is your
name?", "My name is Neide"-
aguarda a sua volta.
"Saudades? Mais ou menos. Ele é
legal, mas não entendo muito ele.
Quero que volte para poder levar
meu quadro para casa. Meus pais
não viram e estão curiosos."
(IF)
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