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Presa no vazio
Artistas de diversas áreas criticam a prisão da jovem Caroline Pivetta da Mota, que pichou o pavilhão da Bienal de São Paulo
Choque - 26.out.08/Folha Imagem
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Caroline Sustos, 24, presa durante invasão de pichadores na abertura da Bienal
LUCAS NEVES
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora tenha fechado as
portas há uma semana, continua sem desfecho a 28ª Bienal
de São Paulo. Caroline Pivetta
da Mota, 24, presa em flagrante
quando participou da invasão
dos pichadores ao pavilhão do
Ibirapuera, no dia de abertura
da mostra, completava ontem
49 dias encarcerada.
Uma decisão da Justiça [após
o fechamento desta edição] poderia soltar a pichadora, conhecida como Caroline Sustos,
mas, mesmo que ela venha a
responder em liberdade, o episódio já desencadeou uma onda
de debates e ações de protesto
que abalou o meio artístico.
O diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa chegou a
classificar o caso como "coisa
de AI-5". A maioria dos artistas,
críticos e curadores ouvidos pela Folha também critica a Fundação Bienal e os curadores Ivo
Mesquita e Ana Paula Cohen
pelo que classifica de silêncio,
omissão e a perda de uma oportunidade para um debate mais
amplo sobre o caso.
Dirigentes de instituições
culturais e representantes do
poder público também se manifestaram sobre o fato. O ministro da Cultura, Juca Ferreira, vê exagero na prisão. O governador José Serra diz que
não pode intervir.
Está marcada para amanhã
em São Paulo uma reunião de
artistas para discutir a natureza da ação dos pichadores.
Também circula na internet
um abaixo-assinado a favor da
liberdade de Mota. Até o início
da tarde de ontem, reunia 233
nomes. Entre eles, os dos artistas Laura Lima, Renata Lucas,
Angelo Venosa, Carlito Carvalhosa e Thiago Rocha Pitta; e os
dos curadores Luiz Camillo
Osorio, Cauê Alves, Marcelo
Rezende e Lisette Lagnado.
Mota, que fez aniversário ontem dentro de uma cela, participou de "ataques" coordenados à galeria Choque Cultural,
em Pinheiros, e ao Centro Universitário Belas Artes. Enquadrada no artigo 62 da Lei do
Meio Ambiente, por destruição
de patrimônio cultural, pode
pegar até três anos de prisão.
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