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A cidade de 1863 é cenário para história de amor não correspondido
SP à moda antiga
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
No dia 25, aniversário de 452
anos de São Paulo, a história de
um amor não correspondido chega às livrarias contendo, nas entrelinhas, a história da cidade às
vésperas da virada do século.
Em "Muito Romântico", o autor Toni Brandão descortina São
Paulo em 1863, uma cidade com
25 mil habitantes, 600 dos quais
eram alunos da austera Faculdade
de Direito do Largo São Francisco. O lugar é um dos cenários do
romance, que conta as desventuras amorosas de Antônio, 20. Um
"morcego", como eram conhecidos aqueles estudantes, por conta
da capa preta que usavam sobre o
uniforme.
A cidade que Brandão apresenta, e cujos contornos o autor mostra num mapa no fim do volume,
é fruto de um ano de pesquisa no
Patrimônio Histórico, Arquivo
Histórico da Cidade, Faculdade
de Direito etc. Outra fonte fundamental foram os registros de Militão Augusto de Azevedo, ator carioca que morava em São Paulo,
vivia dos retratos que fazia dos estudantes para suas famílias e registrou a cidade em 1862.
"Militão voltou a fotografar São
Paulo em 1887, quando a cidade já
havia mudado bastante, com a
chegada do bonde e outras novidades. Essas imagens me ajudaram a construir a ficção, com o
nome das ruas por onde os personagens passam e as várzeas que
contornavam São Paulo", conta
Brandão, que deu ao fotógrafo
uma "participação especial" em
sua trama.
Há cerca de três anos, Brandão,
que é conhecido como o "rei da
quinta série", por conta de seus livros infanto-juvenis, que já venderam mais de 700 mil exemplares, resolveu se lançar como escritor para adultos e jovens adultos
retratando um momento da história em que a juventude teve
grande representatividade. Assim
surgiu "Muito Romântico", no
Brasil Imperial, na segunda geração do romantismo.
"É o primeiro momento em que
os jovens se estabelecem em São
Paulo, vindos de várias partes do
país. Eles estudam de manhã e
passam o resto do tempo lendo
poesia, escrevendo jornais, fazendo pichações e azucrinando a
burguesia", sintetiza Brandão.
A trama de "Muito Romântico"
se passa no "triângulo" que delimitava a cidade e em cujos vértices estavam os conventos de São
Francisco, de São Bento e do Carmo. Outro triângulo, com as mulheres da vida de Antônio, divide
em três partes o livro: a primeira,
nomeada Diana Hataway, apresenta o Morcego e seus conflitos
internos, marcados pelo amor
impossível; na segunda, Sophia
Zaragoza, os conflitos são com a
cidade, suas relações sociais, inclusive com escravos, reveladas
pela personagem Sophia.
A última, Isabela Juliana, traz
um casamento imposto, e, na figura do pai de Antônio, que chega
para tirar o filho do "mau caminho", o choque da modernidade.
"O pai é um dos investidores da
estrada de Ferro Santos-Jundiaí e
vem para a cidade comprar terras
que serão valorizadas com a São
Paulo Railway. É o fim das ilusões
românticas, com a cidade se preparando para a virada do século e
despertando para a vida adulta",
diz Brandão, que prepara dois outros livros cujos protagonistas são
dois "morcegos" que estão em
"Muito Romântico".
Muito Romântico
Autor: Toni Brandão
Editora: Jaboticaba
Quanto: R$ 36,50 (216 págs.,
lançamento no dia 25/01)
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