|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Depois do "Oscar", governo muda regras do cinema
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
|
O diretor Marcelo Masagão, que ganhou duas estatuetas do Grande Prêmio Cinema Brasil e criticou a política cultural do governo |
Ministério vai obrigar produtores a contratar auditoria para filmes; "Orfeu" leva prêmio de melhor filme nacional
|
DANIEL CASTRO
enviado especial a Petrópolis (RJ)
O governo federal deve anunciar nos próximos dias mudanças
na legislação que sustenta o cinema nacional. A principal delas será uma portaria obrigando os
produtores a contratarem empresas de auditoria para fiscalizarem
projetos cinematográficos.
As mudanças devem ser anunciadas em cerimônia na qual o
presidente Fernando Henrique
Cardoso receberá, no Palácio do
Planalto, os vencedores do Grande Prêmio Cinema Brasil, o "Oscar" nacional, entregue anteontem em Petrópolis.
"Orfeu", que é pré-candidato ao
Oscar (o original) de filme estrangeiro (os finalistas serão anunciados amanhã), e "O Primeiro Dia"
foram os maiores vencedores. Cada um levou três estatuetas -que
imita um rolo de filme.
"Orfeu", de Carlos Diegues, levou o principal prêmio da festa, o
de melhor longa-metragem nacional. Ganhou também o de melhor fotografia e compartilhou
com "Outras Estórias", de Pedro
Bial, o de melhor trilha sonora. A
trilha de "Orfeu" é assinada por
Caetano Veloso. A de "Outras Estórias", pelo grupo Uakti.
"O Primeiro Dia" deu a Walter
Salles (que está em Berlim) e Daniela Thomas o título de melhores
diretores do cinema nacional. A
produção também rendeu a Matheus Nachtergaele o prêmio de
melhor ator. E dividiu com "Dois
Córregos" (Carlos Reichenbach)
o de melhor roteiro.
Denise Fraga foi considerada a
melhor atriz por sua atuação em
"Por Trás do Pano", dirigido pelo
marido Luiz Villaça.
"Tudo sobre Minha Mãe" ganhou o prêmio de melhor longa-metragem estrangeiro. O filme de
Pedro Almodóvar é favorito ao
Oscar de melhor filme estrangeiro. Curiosamente, compartilha
com "Orfeu" o mesmo diretor de
fotografia, Affonso Beato.
A maior surpresa do Oscar nacional foi o documentário "Nós
que Aqui Estamos por Vós Esperamos", que levou os prêmios de
melhor montagem e melhor lançamento de cinema.
Surpreendeu também quando
seu diretor, o estreante Marcelo
Masagão, quebrou o clima chapa-branca da festa (totalmente paga
pelo Ministério da Cultura).
Ao receber a primeira estatueta,
Masagão disse que não tinha o
que comemorar. "Não tenho o
que comemorar porque temos
um Ministério da Cultura que
tem vergonha de administrar o
dinheiro público. Hoje a gente
discute muito mais dinheiro do
que cinema", afirmou. O ministro
da Cultura, Francisco Weffort,
apenas sorriu.
Mudanças
As mudanças do Ministério da
Cultura, no entanto, não deverão
contemplar o discurso de Masagão. O governo manterá a atual
estrutura do cinema nacional: as
leis Rouanet e do Audiovisual, pelas quais os cineastas captam recursos com as empresas, que por
sua vez abatem o valor investido
no Imposto de Renda.
A criação de auditorias externas
deverá ser a única mudança imediata. A medida visa impedir "escândalos" como "Chatô, o Rei do
Brasil", de Guilherme Fontes, e
"O Guarani", de Norma Bengell.
O primeiro está inacabado, após
consumir cerca de R$ 10 milhões.
O segundo apresentou notas fiscais frias na prestação de contas.
Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Celebração foi desorganizada Índice
|