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EM CARTAZ - "O HOMEM BICENTENÁRIO"
Robin Williams, o bom, realiza sonho antigo
CLAUDIO CASTILHO
especial para a Folha em San Francisco
Que o forte de Robin Williams é
a comédia não é novidade. Mas
seus personagens mais engraçados não são, necessariamente, os
seus prediletos. Ele prefere ir contra a maré quando se trata de escolher papéis.
Foi o desejo de partir para o
desconhecido que o levou a participar de sua primeira produção
de ficção científica, "O Homem
Bicentenário", em cartaz no Brasil desde sexta passada.
No filme, baseado em um conto
e no livro "The Positronic Man",
de Isaac Asimov, ele se une mais
uma vez ao diretor de "Uma Babá
Quase Perfeita", Chris Columbus,
desta vez, como o robô Andrew,
que tenta se tornar humano.
Na entrevista a seguir, Williams
compara seus papéis nos dois filmes de Columbus, para os quais
teve de passar longas horas por
trás de carregada maquiagem.
Fala ainda de suas expectativas
com os avanços da tecnologia e
de sua estréia na Internet num site próprio, dedicado à comédia.
Folha - Como foi usar a fantasia de robô?
Robin Williams - Muito suor:
longas horas rodando e mais de
20 quilos para carregar. Quanto à
atuação, senti-me usando uma
máscara do teatro grego. Minha
atenção estava em cada simples
movimento do corpo, que dizia
algo sobre Andrew. A idéia era
encontrar detalhes do movimento humano numa máquina.
Folha - Qual papel exigiu mais
fisicamente, o de Mrs. Doubtfire, em "Uma Babá Quase Perfeita", ou Andrew?
Williams - A vantagem de Mrs.
Doubtfire era poder me coçar. Já
com Andrew, depois entrar naquela roupa metálica, não havia
chance, o melhor era esquecer.
Senti-me aliviado quando as
pessoas perguntaram se o Andrew era produto de imagens
criadas por computador: prova
de que fiz bem o meu trabalho.
Folha - Por que só agora sua
primeira ficção científica?
Williams - Sempre fui louco para fazer um filme do gênero, mas
nunca me fascinara por um projeto como aconteceu com esse. Meu
filme predileto quando garoto era
"2001, Uma Odisséia no Espaço",
que mostra o mais incrível computador de todos os tempos.
Folha - Qual seria a vantagem
de ter um robô em casa?
Williams - Seria interessante.
Quem sabe ele não me ensinasse a
falar línguas? Ele poderia me ajudar bastante no meu próximo filme (O Intérprete), sem eu ter de
pagar nada para ele. Eu poderia
conversar em português com você. Não seria o máximo?
Folha - O senhor não teme que
as máquinas se tornem mais importantes que os humanos?
Williams - Rezo para que não.
Pesquisei muito sobre robôs antes de fazer esse filme. Eles já existem há muito tempo. No Japão,
por exemplo, eles estão em fábricas e até arrumam flores em vasos. Mas o conceito de combinação de um corpo de robô e inteligência artificial ainda é hoje uma
coisa primitiva. Aprovo a idéia de
a tecnologia servir para melhorar
a qualidade de vida das pessoas,
mas, se os avanços passam a nos
isolar uns dos outros, algo está errado.
Folha - O senhor acha que a
Internet ajuda nesse processo
de isolamento das pessoas?
Williams - Quando uma pessoa
manda e-mail para outra que está
bem perto, aí é triste. Mas, na prática, as pessoas passaram a se comunicar com muito mais frequência depois da criação da rede. Isso é muito positivo. Estou
criando um site que deve entrar
no ar em abril. Será um programa
semanal de humor, com duração
de 30 minutos, no qual vou interagir com o público.
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