São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2000


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EM CARTAZ - "O HOMEM BICENTENÁRIO"
Robin Williams, o bom, realiza sonho antigo

CLAUDIO CASTILHO
especial para a Folha em San Francisco

Que o forte de Robin Williams é a comédia não é novidade. Mas seus personagens mais engraçados não são, necessariamente, os seus prediletos. Ele prefere ir contra a maré quando se trata de escolher papéis.
Foi o desejo de partir para o desconhecido que o levou a participar de sua primeira produção de ficção científica, "O Homem Bicentenário", em cartaz no Brasil desde sexta passada.
No filme, baseado em um conto e no livro "The Positronic Man", de Isaac Asimov, ele se une mais uma vez ao diretor de "Uma Babá Quase Perfeita", Chris Columbus, desta vez, como o robô Andrew, que tenta se tornar humano.
Na entrevista a seguir, Williams compara seus papéis nos dois filmes de Columbus, para os quais teve de passar longas horas por trás de carregada maquiagem. Fala ainda de suas expectativas com os avanços da tecnologia e de sua estréia na Internet num site próprio, dedicado à comédia.

Folha - Como foi usar a fantasia de robô?
Robin Williams -
Muito suor: longas horas rodando e mais de 20 quilos para carregar. Quanto à atuação, senti-me usando uma máscara do teatro grego. Minha atenção estava em cada simples movimento do corpo, que dizia algo sobre Andrew. A idéia era encontrar detalhes do movimento humano numa máquina.

Folha - Qual papel exigiu mais fisicamente, o de Mrs. Doubtfire, em "Uma Babá Quase Perfeita", ou Andrew?
Williams -
A vantagem de Mrs. Doubtfire era poder me coçar. Já com Andrew, depois entrar naquela roupa metálica, não havia chance, o melhor era esquecer.
Senti-me aliviado quando as pessoas perguntaram se o Andrew era produto de imagens criadas por computador: prova de que fiz bem o meu trabalho.

Folha - Por que só agora sua primeira ficção científica?
Williams -
Sempre fui louco para fazer um filme do gênero, mas nunca me fascinara por um projeto como aconteceu com esse. Meu filme predileto quando garoto era "2001, Uma Odisséia no Espaço", que mostra o mais incrível computador de todos os tempos.

Folha - Qual seria a vantagem de ter um robô em casa?
Williams -
Seria interessante. Quem sabe ele não me ensinasse a falar línguas? Ele poderia me ajudar bastante no meu próximo filme (O Intérprete), sem eu ter de pagar nada para ele. Eu poderia conversar em português com você. Não seria o máximo?

Folha - O senhor não teme que as máquinas se tornem mais importantes que os humanos?
Williams -
Rezo para que não. Pesquisei muito sobre robôs antes de fazer esse filme. Eles já existem há muito tempo. No Japão, por exemplo, eles estão em fábricas e até arrumam flores em vasos. Mas o conceito de combinação de um corpo de robô e inteligência artificial ainda é hoje uma coisa primitiva. Aprovo a idéia de a tecnologia servir para melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas, se os avanços passam a nos isolar uns dos outros, algo está errado.

Folha - O senhor acha que a Internet ajuda nesse processo de isolamento das pessoas?
Williams -
Quando uma pessoa manda e-mail para outra que está bem perto, aí é triste. Mas, na prática, as pessoas passaram a se comunicar com muito mais frequência depois da criação da rede. Isso é muito positivo. Estou criando um site que deve entrar no ar em abril. Será um programa semanal de humor, com duração de 30 minutos, no qual vou interagir com o público.


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