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Histeria domina estréia de primeiro filme de Madonna
Longa foi exibido no Festival de Berlim
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM
Foi em clima de histeria que
foi apresentado o primeiro filme dirigido pela pop star da
música Madonna -"Filth &
Wisdom" (obscenidade e sabedoria), atração de ontem no
Festival de Berlim.
O longa de Madonna foi selecionado para uma mostra paralela à competição pelo Urso de
Ouro, chamada Panorama Especial. Mas a atração que ele
exerceu só teve paralelo neste
festival com o filme de abertura, "Shine a Light", que trouxe a
Berlim o cineasta Martin Scorsese e os Rolling Stones.
A fila para a sessão de imprensa de "Filth & Wisdom",
ontem pela manhã, começou
quase duas horas antes do início da projeção. Quando as portas do cinema foram abertas,
um empurra-empurra levou os
funcionários a gritar diversas
vezes "stop" (parem).
Na entrevista coletiva, à tarde, não foi diferente. O amontoado de jornalistas começou
logo após a equipe de Nanni
Moretti deixar o salão onde são
realizadas essas entrevistas.
Quando entrou na sala lotada
de jornalistas (com 40 minutos
de atraso), Madonna foi recebida por calorosa salva de palmas
e gritinhos de entusiasmo. Ainda assim, ela parecia intimidada pela platéia. Manteve os ombros tensos, soltou risinhos ao
final das respostas e teve dificuldade para memorizar as
perguntas.
Enredo
O filme tem como protagonista o músico A.K., um imigrante ucraniano em Londres
(vivido pelo músico ucraniano
Eugene Hutz, líder da banda de
gypsy punk Gogol Bordello).
A.K. tem uma banda e distribui
demos de seus discos, tentando
chegar ao sucesso. Enquanto
ele não vem, o músico garante o
dinheiro do aluguel com clientes que lhe pagam por encontros sadomasoquistas.
Ele divide um apartamento
com Holly (Holly Weston), que
ama o balé, mas tem um emprego como dançarina da noite; e
com Juliette (Vicky Mclure),
que sonha em ajudar as crianças famintas da África, enquanto surrupia frascos da farmácia
onde trabalha.
"Para chegar ao céu, antes
você tem de ir ao inferno", filosofa o protagonista. Madonna,
que é co-autora do roteiro, com
Dan Cadan, disse ontem em
Berlim que seu filme "é sobre a
dualidade da vida e a luta que
essa dualidade engendra".
Madonna afirmou que pretende continuar "fazendo músicas e filmes" e contou que
produziu documentário sobre
crianças africanas, "que será
exibido no Festival de Cannes e
no de Tribeca, mas para o qual
ainda não tenho distribuição".
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