|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
"Juno" expõe tiques do cinema "indie"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Visto novamente, "Juno" (TC Premium, 22h, não indicado para menores de 12 anos)
expõe com desenvoltura os tiques do "cinema independente" americano, em particular o
que chega ao Oscar: a necessidade de réplicas inteligentes a
cada minuto, o aspecto anticonvencional da heroína, o infantilismo americano etc.
No entanto, o filme não consegue ser detestável. Em parte,
graças a Ellen Page, atriz que
faz Juno: todo tempo nos perguntamos se a teatralidade do
seu modo de falar é deficiência
ou virtude, se define a personagem ou afirma um maneirismo.
Mas Page acaba por afirmar a
personagem e a definir o mundo em que o filme se dá. Junto
com a música, é verdade.
Toda a música do filme traz
um quê infantil (assim como os
créditos de apresentação). Como Juno é uma adolescente
grávida, temos aí uma boa posição para apresentar essa passagem da infância à maturidade:
pela produção de um bebê que
será doado a Jennifer Garner,
uma yuppie tão simpática
quanto imbecil.
A yuppie pode ter os defeitos
que tiver: pior é seu marido, roqueiro frustrado, hoje vivendo
de compor jingles, com medo
de deixar de ser filho para se
tornar pai e, portanto, com
mais afinidades com Juno do
que com a mulher. Enfim: sob a
capa de "independente", "Juno" até mostra coisas que fazem sentido.
Texto Anterior: Seriado: Record estreia série "CSI NY" na segunda, às 23h45 Próximo Texto: Resumo das novelas Índice
|