São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica

"Juno" expõe tiques do cinema "indie"

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Visto novamente, "Juno" (TC Premium, 22h, não indicado para menores de 12 anos) expõe com desenvoltura os tiques do "cinema independente" americano, em particular o que chega ao Oscar: a necessidade de réplicas inteligentes a cada minuto, o aspecto anticonvencional da heroína, o infantilismo americano etc.
No entanto, o filme não consegue ser detestável. Em parte, graças a Ellen Page, atriz que faz Juno: todo tempo nos perguntamos se a teatralidade do seu modo de falar é deficiência ou virtude, se define a personagem ou afirma um maneirismo. Mas Page acaba por afirmar a personagem e a definir o mundo em que o filme se dá. Junto com a música, é verdade.
Toda a música do filme traz um quê infantil (assim como os créditos de apresentação). Como Juno é uma adolescente grávida, temos aí uma boa posição para apresentar essa passagem da infância à maturidade: pela produção de um bebê que será doado a Jennifer Garner, uma yuppie tão simpática quanto imbecil.
A yuppie pode ter os defeitos que tiver: pior é seu marido, roqueiro frustrado, hoje vivendo de compor jingles, com medo de deixar de ser filho para se tornar pai e, portanto, com mais afinidades com Juno do que com a mulher. Enfim: sob a capa de "independente", "Juno" até mostra coisas que fazem sentido.


Texto Anterior: Seriado: Record estreia série "CSI NY" na segunda, às 23h45
Próximo Texto: Resumo das novelas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.