São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

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FILMES DE HOJE

TV PAGA

Especial restitui discurso anárquico de Glauber

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O que há de mais cinematográfico, por hoje, é o documentário "Retrato da Terra", que a dupla Joel Pizzini e Paloma Rocha fez a propósito da passagem de Glauber Rocha pelo cinema e pelo mundo.
Para quem viu "Glauber, o Filme", de Silvio Tendler, e não gostou, este "Retrato" (que faz parte da série "Retratos Brasileiros", do Canal Brasil) é uma espécie de antídoto. Se Tendler linearizou Glauber, Pizzini e Paloma (filha dele) restituem seu discurso anárquico -na fronteira do caótico. O falar glauberiano é polifônico. Já não é só palavra. É palavra, é música, é imagem -tudo isso junto: uma vitalidade única, avassaladora. Glauber não deve ser comparado a nenhum cineasta: é um Picasso tropical.
Ao eleger o enterro de Glauber como centro de seu filme (em tempo: vale ler o artigo magnífico artigo de Marcelo Coelho sobre o filme, na Ilustrada de quarta passada), Silvio Tendler de certa forma mumificou seu personagem. Fixou-o num instante, num "para sempre" compreensível, porém insuportável de certa forma.
"Glauber, o Filme" introduz o espectador a Glauber Rocha. Partimos, então, do princípio de que ninguém conhece mais nem o cineasta, nem a obra, e quem conhece a obra não se interessa mais por ela -não é um princípio falso, diga-se de passagem. É como quem, numa festa, faz a apresentação formal de um homem e uma mulher.
Nesse sentido, "Retrato da Terra" pode soar como o momento seguinte dessa história. Aquele em que o homem e a mulher se tornam amantes, partilham profundamente suas vidas.
Nenhuma das duas formulações é mais verdadeira do que a outra, sem dúvida. Mas essa de "Retrato da Terra" é a que de fato permite ao espectador vivenciar Glauber, sua arte, seu discurso, suas contradições, destempero, desespero.


RETRATO DA TERRA. Quando: hoje, às 20h, no Canal Brasil.

TV ABERTA

Antonio Banderas mantém viva dinastia Zorro

Asterix e Obelix contra César
Globo, 13h05.

(Asterix et Obelix contre Cesar). França, 99, 109 min. Direção: Claude Zidi. Com Gérard Depardieu, Christian Clavier, Roberto Benigni. Adaptação dos quadrinhos de Uderzo e Goscinny, com Obelix (Depardieu) e Asterix (Clavier) liderando os gauleses contra os romanos, em particular contra Detritus (Benigni), que carrega nas costas a parte humorística do filme. Muitos efeitos, mas o filme não tem o dinamismo das HQ.

Treze Cadeiras
Cultura, 15h30.

Brasil, 57, 98 min. Direção: Franz Eichhorn. Com Oscarito, Renata Fronzi, Zé Trindade. A clássica história do sujeito que ganha como herança 13 cadeiras e só depois de se desfazer delas descobre que o estofado de uma delas continha, na verdade uma fortuna. Aqui, uma versão chanchada. E chanchada meio metida à besta e muito fraca. P&B.

Os Caça-Fantasmas
Record, 16h.

(The Ghostbusters). EUA, 84, 99 min. Direção: Ivan Reitman. Com Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis, Sigourney Weaver. Comédia de grande sucesso a seu tempo, sobre quatro cientistas que abrem uma agência cujo objetivo é caçar fantasmas.

A Máscara do Zorro
Record, 18h.

(The Mask of Zorro). EUA, 98, 136 min. Direção: Martin Campbell. Com Antonio Banderas, Anthony Hopkins, Catherine Zeta-Jones. Após fugir da prisão, um já envelhecido d. Diego prepara um sucessor, na pessoa de Antonio Banderas, mantendo assim viva a dinastia Zorro e, portanto, a luta dos mexicanos contra os espanhóis tirânicos. O filme sofre de excesso de ação e de excesso de firulas.

Agente Vermelho
Bandeirantes, 20h30.

(Captured). EUA/Canadá, 00, 95 min. Direção: Damian Lee. Com Dolph Lundgren, Randolph Mantooth. Terroristas roubam submarino russo, com a idéia de jogar vírus letal em Nova York e Moscou. Passar bem.

Matador de Aluguel
Globo, 23h40.

(Road House). EUA, 89, 110 min. Direção: Rowdy Herrington. Com Patrick Swayze, Ben Gazzara, Kelly Lynch, Sam Elliott. Gazzara é o sujeito que domina cidade do Missouri. Swayze, o cara que aparece para enfrentá-lo. Apesar de certos nomes no elenco, convém desconfiar.

A Morte não Manda Recado
Bandeirantes, 0h.

(The Ballad of Cable Hogue). EUA, 1970, 121 min. Direção: Sam Peckimpah. Com Jason Robards, Stella Stevens. À beira da morte, Hogue é salvo e começa uma nova vida, graças à água que encontra no deserto. Mas eis que o tempo das diligências vai chegando ao fim, dando vez ao dos automóveis. Peckimpah às voltas com um de seus temas favoritos, o Velho Oeste crepuscular, e com uma bela presença de Jason Robards.

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