São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2008

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Amor e sexo inspiram projeto coletivo 3namassa

CD de trio com integrantes da Nação Zumbi e do Instituto traz cantoras interpretando músicas feitas por homens

Entre os 30 convidados do projeto, estão integrantes da Orquestra Imperial e do Mombojó, além das atrizes Leandra Leal e Alice Braga

BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As referências do 3namassa dão boas pistas sobre o projeto: as ilustrações eróticas de Milo Manara, o catecismo sexual de Carlos Zéfiro, o pop quase devasso de Serge Gainsbourg e o alter ego feminino das composições de Chico Buarque.
"Mulheres falando de suas experiências amorosas com homens (ou não...), que marcaram as suas vidas, seduzindo ou sendo seduzidas, pervertendo ou sendo pervertidas por esses (as)", resume a citação do encarte de "Na Confraria das Sedutoras", primeiro álbum do trio formado por Rica Amabis, 34, produtor do Instituto, Pupillo, 34, e Dengue, 35, baterista e baixista da Nação Zumbi, respectivamente.
O 3namassa promoveu uma reunião ambiciosa entre nomes da música. Cantoras como Céu, Thalma de Freitas, Nina Becker e Pitty, que dividem as vozes do disco com as atrizes Alice Braga, Leandra Leal e Simone Spoladore, interpretam composições de Junio Barreto, Lirinha, Rodrigo Amarante (Los Hermanos) e Jorge du Peixe (Nação Zumbi), entre outros autores.
Apollo 9, Fernando Catatau, Mauricio Takara e músicos de Mombojó, Nação Zumbi e Mundo Livre, para citar alguns, completam o projeto, que conta com mais de 30 convidados.
O 3namassa nasceu há três anos, quando o trio dividia um apartamento em São Paulo e fazia música nas horas vagas. "Quando a gente viu, tínhamos um monte de bases", conta Pupillo. E um disco embrionário.
Com o tempo foram chegando as idéias: um disco temático, cantado por mulheres, com letras assinadas por homens, na persona feminina.
A partir das tais bases, o trio escolhia o compositor para cada música. "Queríamos contar uma historia, da primeira à última faixa, com o panorama da vida amorosa de uma mulher", explica Pupillo.
Letra feita, convidavam a cantora que melhor se casaria com os versos. "É interessante ver o ponto de vista masculino sobre o universo feminino. Eles sabem bastante", brinca Céu.
É de Junio Barreto "Doce Guia", letra que a cantora interpreta no disco. "É difícil se colocar como uma mulher. Você tem que estar mais sensível. Eu me lembrava dos foras que já tomei", conta Barreto.
"Os convidados são essencialmente amigos. É um projeto feito em casa", diz Rica.
"A gente também não tinha dinheiro para pagar ninguém", completa Dengue.
"O disco foi acontecendo com calma, por causa das nossas agendas e das pessoas que queríamos chamar. Levou três anos para ficar pronto", afirma Pupillo.
O trabalho de Manara e a música de Gainsbourg orientaram o trabalho. "Naturalmente, a gente foi compondo e sampleando com essas imagens e esses sons na cabeça", diz o baterista.
"Queríamos cantoras, mas acima de tudo, interpretação", ressalta ele.
Daí a presença de atrizes, contam eles, que não conheciam Simone Spoladore nem Alice Braga. "Conseguimos o contato, mandamos um e-mail e rapidamente elas retornaram", conta Pupillo.
As vinhetas com as vozes das atrizes abrem (Leandra Leal), intermediam (Simone Spoladore) e fecham (Alice Braga) o disco. Segundo Pupillo, são sobre uma menina que vai amadurecendo e, no fim, se dá conta de que não tem mais como ser santa.


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