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Coleção Folha mostra origens da música brasileira
Série, que chega às bancas no próximo domingo, traz 25 livros-CDs de artistas dos anos 1910 a 1950
DA REPORTAGEM LOCAL
No próximo domingo, dia
21, chega às bancas a Coleção
Folha Raízes da Música Popular Brasileira, que, ao longo
de 24 semanas, trará um total
de 25 livros-CDs, abordando
alguns dos principais artistas
do país entre os anos 1910 e
1950. Cada volume será dedicado a um compositor de
grande importância para as
bases de nossa música.
Os dois primeiros volumes,
com lançamento simultâneo
e vendidos juntos ao preço de
um, serão dedicados a Noel
Rosa e Lamartine Babo. Entre os próximos nomes estão
Cartola, Pixinguinha, Lupicínio Rodrigues, Adoniran Barbosa, Ary Barroso, Nelson Cavaquinho, Dorival Caymmi,
Herivelto Martins, Jackson
do Pandeiro, Assis Valente e
Silvio Caldas.
A edição e seleção de repertório é de Carlos Calado e os
títulos contam com textos de
críticos, jornalistas e escritores como Arthur de Faria, Zuza Homem de Mello Henrique Cazes, Hugo Sukman, Irineu Franco Perpetuo, João
Máximo, Kiko Ferreira, Luiz
Fernando Vianna, Mathilda
Kovak, Moacyr de Andrade,
Rodrigo Faour, Tárik de Souza e Tom Cardoso.
A série tem foco na produção musical de compositores
essenciais da primeira metade do século 20 -época de
consagração de estilos como
samba, choro, baião e marchas-, dos princípios do registro do som em disco até a
época em que surgem as gravações em alta fidelidade, a
televisão e a bossa nova. Vivia-se a chamada Era do Rádio, em que os artistas se
apresentavam em cassinos e
programas de auditório e ficavam conhecidos do público
pelos retratos nas revistas.
Era nesse Brasil que compunham e gravavam os principais músicos da época, dos
quais trata a Coleção Folha.
Ao longo de seus 25 volumes,
a série vai apresentar pianistas do começo do choro, como
Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga; nomes fundamentais do baião, como Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga; importantes sambistas,
como Cartola e Nelson Cavaquinho; instrumentistas, como Pixinguinha e Jacob do
Bandolim; e clássicos da música paulista, como Adoniran
Barbosa e Paulo Vanzolini.
Os livros virão com 60 páginas cada um, acabamento em
capa dura, papel de alta qualidade e a biografia do compositor, acompanhada pelo respectivo CD. Cada um deles
traz 14 faixas gravadas na voz
de grandes intérpretes, como
Gal Costa, Maria Bethania,
Elis Regina, Toquinho, Arnaldo Antunes e Beth Carvalho.
No repertório, aparecem
músicas como "As Rosas Não
Falam" (Cartola); "Aquarela
do Brasil" (Ari Barroso); "Maracangalha" (Dorival Caymmi); "Chão de Estrelas" (Silvio Caldas); "Conversa de Botequim" (Noel Rosa) em um
total de mais de 340 faixas
remasterizadas.
1- NOEL ROSA
21 de março
Noel Rosa nasceu em 1910, no Rio de Janeiro, e ajudou a levar o samba
do morro para o "asfalto" -ou seja, para as classes médias e para a rádio. Compositor, cantor, violonista e bandolinista, morreu com apenas 26
anos, em decorrência de tuberculose. Foi apelidado de "poeta da vila",
dada sua habilidade para escrever letras como as das canções "Com que
Roupa?" e "Conversa de Botequim". Entre seus parceiros de vida boêmia
e música estiveram Ismael Silva e Vadico e outros grandes sambistas.
2- LAMARTINE BABO
21 de março
Com marchinhas carnavalescas humorísticas e irreverentes e hinos de clubes de futebol, Lamartine Babo
marcou a história da
música brasileira. Nascido no Rio de Janeiro,
em 1904, começou a
compor ainda na adolescência, e fez clássicos de
Carnaval como "O Teu
Cabelo Não Nega" e o
hino que leva a famosa
exaltação: "Uma vez
Flamengo, sempre Flamengo".
3- CARTOLA
28 de março
Figura marcante da Mangueira no
início da trajetória da escola, dos
anos 20 aos 40, Cartola passou por
longo "sumiço", até ser redescoberto em 1956 como lavador de
carros. A partir daí ganhou destaque e pôde gravar seus primeiros
álbuns. Seus clássicos, como "O
Mundo É um Moinho", continuam
sendo regravados a cada geração.
4- PIXINGUINHA
4 de abril
Nascido no Rio nos últimos anos
do século 19, Pixinguinha se consagrou por consolidar o choro brasileiro, com músicas como "Carinhoso" e "Lamentos". Além de tocar flauta e saxofone, o músico regeu orquestras de música popular,
como os Oito Batutas. Passou
também pelo maxixe, pela valsa e
por outros estilos musicais.
5- ATAULFO ALVES
11 de abril
Ataulfo Alves nasceu em Minas
Gerais, em 1909, onde trabalhou
desde criança para ajudar a família. Foi depois de se mudar para o
Rio, no entanto, que surgiu para a
cena musical, com canções que ficaram famosas nas vozes de grandes cantores como Carmen Miranda e Silvio Caldas. Entre elas, está
"Ai, que Saudade da Amélia".
6- LUPICÍNIO RODRIGUES
18 de abril
Gaúcho e torcedor do Grêmio
-clube do qual compôs o hino oficial-, Lupicínio produziu muitos
sambas e marchinhas, os primeiros com apenas 12 anos. Durante a
vida, abriu bares e restaurantes,
que não deram certo, pois serviam
mais para sustentar sua vida boêmia e festiva do que para lucrar. É
dele a famosa "Nervos de Aço".
7- ADONIRAN BARBOSA
25 de abril
Além de ser um dos maiores
nomes do samba paulista, Adoniran foi humorista e ator. Nascido
em 1910, filho de imigrantes italianos, criou um linguajar peculiar,
que marcou clássicos como "Saudosa Maloca" e "Trem das Onze".
Destacou em suas letras, entre
outras coisas, a vida dos bairros
operários paulistanos.
8- DOLORES DURAN
2 de maio
Dolores teve uma vida repleta de
acontecimentos precoces. Desde
criança cantava em festas e aos 12
anos começou a trabalhar com música. Antes dos 20 estreou na Rádio
Nacional e, a partir daí, teve rápida
ascensão na carreira. Morreu aos 29
anos, em 1959, em decorrência de infarto, deixando canções como "A
Noite de Meu Bem".
9- ARY BARROSO
9 de maio
Locutor de rádio, inclusive de
jogos de futebol, e formado em direito em 1929 no Rio, o mineiro
Ary Barroso se destacou mesmo
como músico. Compositor de centenas de canções, entre elas
"Aquarela do Brasil" e "No Tabuleiro da Baiana", criou com elas o
"samba-exaltação", destacando
qualidades do país e do povo.
10- LUIZ GONZAGA
16 de maio
Pernambucano, Gonzagão nasceu
em 1912 e é o músico que mais difundiu pelo Brasil o baião, o forró e
a música nordestina como um todo. Cantor, acordeonista (ou sanfoneiro, como se diz em sua terra)
e compositor, é autor de "Asa
Branca", "Assum Preto" e outros
clássicos, que o fizerem ser chamado de "rei do baião".
11- NELSON CAVAQUINHO
23 de maio
Cavaquinista quando jovem, o que
lhe rendeu o nome artístico Nelson
Cavaquinho, o sambista carioca
optou pelo violão na maturidade,
adotando um estilo peculiar de tocar. Apesar de só ter lançado o primeiro disco em 1970, compôs centenas de músicas a partir dos anos
30, entre elas os sucessos "Folhas
Secas" e "Juízo Final".
12- DORIVAL CAYMMI
30 de maio
As canções praieras, como
"A Jangada Voltou Só", marcaram a
obra de Caimmy. Nascido em Salvador em 1914, também destacou nas
músicas a cultura de sua terra, fazendo referências à comida, às danças e às religiões afro-brasileiras.
Com estilo peculiar de tocar e cantar,
deixou outros clássicos como "Maracangalha" e "Marina".
13- BRAGUINHA
6 de junho
Conhecido também como "João
de Barro", o carioca Braguinha
nasceu em 1907 e chegou a cursar
alguns anos de arquitetura quando
jovem. Logo desistiu para se dedicar à música, compondo sucessos
de Carnaval como "Chiquita Bacana" e "Touradas de Madri". É dele
também a consagrada letra do
choro "Carinhoso", de Pixinguinha.
14- HERIVELTO MARTINS
13 de junho
Sob influência do pai, Herivelto
cantava e atuava desde criança, no
Rio da década de 10. Anos depois,
seu casamento com a cantora Dalva de Oliveira viria a marcar toda
sua trajetória musical, principalmente pela rivalidade que criaram
após a separação -o que rendeu
canções como "Caminhemos". É
dele, também, a clássica "Izaura".
15- JACKSON DO PANDEIRO
20 de junho
Nascido na Paraíba, em 1919,
Jackson do Pandeiro foi chamado
também de "o rei do ritmo", dada
sua habilidade para tocar coco,
samba, forró, baião e vários dos
ritmos da música brasileira. Foi,
junto com Luiz Gonzaga, um dos
grandes responsáveis pela divulgação das levadas nordestinas pelo Brasil e pelo mundo.
16- PAULO VANZOLINI
27 de junho
Formado em medicina em 1947 e
doutor em zoologia pela Harvard,
Paulo Vanzolini é também um
grande compositor de samba,
criando clássicos como "Ronda" e
"Volta por Cima". Atuante até os
dias de hoje (também na academia), teve canções interpretadas
por vários grandes nomes, como
Chico Buarque e Paulinho da Viola.
17- SILVIO CALDAS
4 de julho
Criado no bairro de São Cristóvão,
no Rio, nos anos 1910, Silvio cantava desde cedo, participando de
festas de Carnaval e blocos de rua.
A partir dos anos 30, se destacou
como um dos grandes cantores da
música popular, interpretando
músicas próprias e de músicos como Ary Barroso. São dele "Favela", "Chão de Estrelas" e outras.
18- CHIQUINHA GONZAGA
11 de julho
Nascida ainda na época da
escravidão, em 1847, Chiquinha
Gonzaga foi pioneira da emancipação da mulher no Brasil. Primeira
pianista de choro, primeira mulher
a reger orquestra no país e autora
de uma das primeiras marchas de
Carnaval ("Ô Abre Alas"), compôs,
em 88 anos de vida, cerca de 2.000
músicas e 80 peças teatrais.
19- JACOB DO BANDOLIM
18 de julho
Aos 12 anos, em 1930, Jacob
ganhou um violino. Sem conseguir se adaptar, passou para o bandolim, com o qual construiu a carreira que consagrou seu nome na música brasileira e seu instrumento no choro. Em 1966 organizou o famoso conjunto Época de Ouro, com o qual tocou alguns de seus clássicos, como "Noites Cariocas".
20- ERNESTO NAZARETH
25 de julho
Apesar da grandeza e sofisticação
de suas composições, Nazareth levou uma vida com dificuldades financeiras, além das amarguras
pelas mortes da mulher e da filha.
Nascido em 1863, foi compositor
de importantes "tangos brasileiros", nome usado na época para algo semelhante ao choro. Seu reconhecimento só veio mais tarde.
21- ISMAEL SILVA
1º de agosto
Com sumiços e reaparecimentos
durante a carreira -um deles após
anos de prisão-, Ismael deixou
clássicos como "Se Você Jurar" e
"Antonico", e parcerias com Noel
Rosa. Nascido em 1905, em Niterói, viveu na boemia, cheio de dificuldades financeiras. O reconhecimento público veio depois, levando até título de "cidadão carioca."
22- ASSIS VALENTE
8 de agosto
A alegre "Brasil Pandeiro" foi
composta por um homem que, aos
48 anos, se matou ingerindo formicida, em 1958. Pois Assis Valente passou por tudo na vida, da glória ao esquecimento. E a partir dos
anos 60 passou a ter suas canções,
como "Camisa Listada", resgatadas pelas novas gerações (Chico
Buarque, Elis Regina e outros).
23- GERALDO PEREIRA
15 de agosto
Outro sambista de vida boêmia,
Geraldo Pereira morreu dias após
brigar com Madame Satã (personagem emblemático da vida marginal carioca), em 1955, em decorrência dos ferimentos. Nasceu 37
anos antes, em Minas, e deixou as
clássicas "Falsa Baiana" e "Sem
Compromisso". Com o samba sincopado, influenciou a bossa nova.
24- WALDIR AZEVEDO
22 de agosto
Autor do choro "Brasileirinho",
Waldir começou a tocar flauta aos
sete anos, em 1930. Passou depois
por bandolim, cavaquinho e violão,
compondo outros clássicos, como
"Delicado". Recebeu grande reconhecimento a partir dos anos 50,
inclusive representando o Brasil
mundo afora, em excursões patrocinadas pelo Itamaraty.
25- SINHÔ
29 de agosto
Na primeira década do século 20
Sinhô já era pianista profissional,
pois aos 17 anos se casou e tinha
que sustentar a casa. Nem por isso abandonou a noite e o choro, se
envolvendo em várias polêmicas
-uma delas reivindicando a autoria de "Pelo Telefone", registrada
por Donga. São dele, com registro,
"Jura" e "Sabiá", entre outras.
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