São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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MÚSICA

Grupo norte-americano se apresenta em São Paulo sexta e sábado com repertório do álbum novo, "Collidescope"

Living Colour faz retorno já em fase de "transição"

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Nem para o passado nem para o presente. Após quase dez anos separado, o grupo Living Colour marca seu retorno com olhos voltados para mais adiante.
E o que estará por lá? Nem o guitarrista Vernon Reid sabe ao certo. Mas ele está seguro que "Collidescope", o novo álbum do Living Colour -que será apresentado ao público paulistano em shows sexta-feira e sábado-, representa um registro de "transição". "Por ora, posso dizer que é a passagem do "não ser" uma banda para "ser" uma banda", diz.
Talvez seja no momento a questão maior para um quarteto já acostumado a se deslocar facilmente por heavy metal, funk e jazz, sempre com o emprego de justificada virtuosidade. Um caldo que atingiu picos de popularidade no início dos anos 90 em "Time's Up" e "Vivid" e azedado poucos anos depois devido a problemas de relacionamento.
Sobre o retorno-transição e o novo disco, Vernon Reid conversou com a Folha.
 

Folha - Qual é a diferença entre "Collideoscope" e os álbuns anteriores do Living Colour?
Vernon Reid -
Esse disco soa como uma banda tentando descobrir o que tem para dizer e o que tenta dizer com esse retorno. É um disco de transição. Agora, transição para o quê, isso ainda não sei. Por ora, posso dizer que é a passagem do "não ser" uma banda para "ser" uma banda.

Folha - Por ser um disco de transição, você não ficou totalmente satisfeito com o disco?
Reid -
Não, "Collideoscope" é um álbum com lindos momentos. Mas, diferentemente dos anteriores, esse disco é uma reação a algo específico, no caso, o 11 de Setembro. Vivenciamos uma situação em que nós [norte-americanos] teremos que empregar mais dinheiro para um conflito, vidas serão perdidas e, no final, teremos que pagar um preço por isso.

Folha - O Living Colour costumava marcar posicionamentos políticos, principalmente quanto a questões raciais. Algo mudou durante o período de hiato da banda?
Reid -
Eu desprezo a administração Bush, mas tenho que reconhecer o fato de que em dois dos mais altos cargos do governo um negro é o secretário de Estado e uma negra é responsável pela segurança nacional. É algo extraordinário, garotos negros vão crescer com a idéia de que podem chegar lá no alto. A minha pergunta é: quando os democratas voltarem, os brancos vão dominar o gabinete novamente?

Folha - Há uma curiosa semelhança na melodia de "Solace of You" e "Alagados", uma música da banda brasileira Paralamas do Sucesso.
Reid -
[Após ouvir o trecho inicial de "Alagados"] Fantástico. Há uma atmosfera, uma vibração afro que tornam as duas músicas semelhantes. Quando fizemos "Solace of You", tentamos evocar a música sul-africana, o ritmo ju ju, e é incrível como, por caminhos diferentes, acabamos encontrando parentescos entre artistas distantes.


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