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MÚSICA
Grupo norte-americano se apresenta em São Paulo sexta e sábado com repertório do álbum novo, "Collidescope"
Living Colour faz retorno já em fase de "transição"
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Nem para o passado nem para o
presente. Após quase dez anos separado, o grupo Living Colour
marca seu retorno com olhos voltados para mais adiante.
E o que estará por lá? Nem o guitarrista Vernon Reid sabe ao certo. Mas ele está seguro que "Collidescope", o novo álbum do Living
Colour -que será apresentado
ao público paulistano em shows
sexta-feira e sábado-, representa
um registro de "transição". "Por
ora, posso dizer que é a passagem
do "não ser" uma banda para "ser"
uma banda", diz.
Talvez seja no momento a questão maior para um quarteto já
acostumado a se deslocar facilmente por heavy metal, funk e
jazz, sempre com o emprego de
justificada virtuosidade. Um caldo que atingiu picos de popularidade no início dos anos 90 em
"Time's Up" e "Vivid" e azedado
poucos anos depois devido a problemas de relacionamento.
Sobre o retorno-transição e o
novo disco, Vernon Reid conversou com a Folha.
Folha - Qual é a diferença entre
"Collideoscope" e os álbuns anteriores do Living Colour?
Vernon Reid - Esse disco soa como uma banda tentando descobrir o que tem para dizer e o que
tenta dizer com esse retorno. É
um disco de transição. Agora,
transição para o quê, isso ainda
não sei. Por ora, posso dizer que é
a passagem do "não ser" uma
banda para "ser" uma banda.
Folha - Por ser um disco de transição, você não ficou totalmente satisfeito com o disco?
Reid - Não, "Collideoscope" é
um álbum com lindos momentos.
Mas, diferentemente dos anteriores, esse disco é uma reação a algo
específico, no caso, o 11 de Setembro. Vivenciamos uma situação
em que nós [norte-americanos]
teremos que empregar mais dinheiro para um conflito, vidas serão perdidas e, no final, teremos
que pagar um preço por isso.
Folha - O Living Colour costumava marcar posicionamentos políticos, principalmente quanto a questões raciais. Algo mudou durante o
período de hiato da banda?
Reid - Eu desprezo a administração Bush, mas tenho que reconhecer o fato de que em dois dos
mais altos cargos do governo um
negro é o secretário de Estado e
uma negra é responsável pela segurança nacional. É algo extraordinário, garotos negros vão crescer com a idéia de que podem
chegar lá no alto. A minha pergunta é: quando os democratas
voltarem, os brancos vão dominar o gabinete novamente?
Folha - Há uma curiosa semelhança na melodia de "Solace of You" e
"Alagados", uma música da banda
brasileira Paralamas do Sucesso.
Reid - [Após ouvir o trecho inicial de "Alagados"] Fantástico. Há
uma atmosfera, uma vibração
afro que tornam as duas músicas
semelhantes. Quando fizemos
"Solace of You", tentamos evocar
a música sul-africana, o ritmo ju
ju, e é incrível como, por caminhos diferentes, acabamos encontrando parentescos entre artistas distantes.
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