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Zerbini resume trajetória em mostra
Artista paulista radicado no Rio realiza exposição individual na galeria Fortes Vilaça e exibe pinturas e instalação
Nome ligado à Geração 80, Zerbini apresenta telas onde mistura cenas domésticas e
paisagens que têm relação com a arte abstrata
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova exposição individual
de Luiz Zerbini, 47, que é aberta hoje na galeria Fortes Vilaça,
em São Paulo, pode ser considerada uma compilação das
pinturas mais recentes do artista paulista radicado no Rio.
Mas também pode ser considerada uma grande instalação,
na qual Zerbini testa os limites
conceituais da arte contemporânea, misturando diferentes
linguagens e suportes.
"Para mim, o produto final, a
obra em si, não vale tanto, mas
sim o processo todo que me fez
chegar a ele", afirma o artista
que participou da histórica
mostra "Como Vai Você Geração 80?", ocorrida no Rio em
1984. A exposição reafirmou a
pintura como linguagem fundamental nas artes visuais e
exibiu uma série de nomes que
se consolidaram nos anos seguintes, como os pintores Daniel Senise e Beatriz
Milhazes, além de
Gonçalo Ivo, que
também expõe em
São Paulo.
Na mostra de Zerbini, o tríptico (conjunto de três telas)
"O Suicida Alto Astral", já exibido na
exposição Paralela,
no ano passado, foi
montado de maneira diferente. Blocos
maiores de concreto
e azulejos o sustentam, com esculturas
que representam
crânios perfurados
servindo de apoio
para a instalação das
telas verticais.
O título da mostra, "Trepanações e
Outros Artifícios",
remete à cirurgia feita em crânios em séculos passados, segundo o artista, com fins de expulsar os maus espíritos. "Há
registros em diversas civilizações desse tipo de intervenção,
dos maias até a Europa da Idade Média", diz.
Para Zerbini, o procedimento tem "algo brutal". "Eu me
identifico com esses que eram
considerados "malucos" e sofriam tal operação. Dos crânios,
sai a base física para essas pinturas, como se a arte respirasse
e ficasse livre."
A pintura do artista, que oscila entre o registro de cenas domésticas e as paisagens abstratas que lidam com o questionamento da linguagem plástica,
está de certa forma sintetizada
nas seis obras agora expostas
na galeria.
Assim como em "Do Corpo a
Paisagem", exposição que Zerbini participou no Instituto Tomie Ohtake no ano passado, o
artista, em uma de suas obras,
reúne referências à arte mais
tradicional e à tradição geométrica -um céu azulado que termina em faixas horizontais.
Mas a tela "Minha Última
Pintura" radicaliza a pintura de
Zerbini. De grandes dimensões
-2,70 m por 4,20
m-, é completamente negra e "captura o espectador",
segundo o artista.
"É enigmática, figurativa e conceitual
ao mesmo tempo,
uma espécie de resumo da minha
obra."
TREPANAÇÕES E OUTROS ARTIFÍCIOS - LUIZ ZERBINI
Quando: abertura hoje,
às 14h (convidados); de
ter. a sex., das 10 às
19h; sáb., das 10h às
17h; até 12/5
Onde: galeria Fortes
Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, SP, tel.
0/xx/11/ 3032-7066)
Quanto: grátis
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