São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

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Zerbini resume trajetória em mostra

Artista paulista radicado no Rio realiza exposição individual na galeria Fortes Vilaça e exibe pinturas e instalação

Nome ligado à Geração 80, Zerbini apresenta telas onde mistura cenas domésticas e paisagens que têm relação com a arte abstrata


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova exposição individual de Luiz Zerbini, 47, que é aberta hoje na galeria Fortes Vilaça, em São Paulo, pode ser considerada uma compilação das pinturas mais recentes do artista paulista radicado no Rio.
Mas também pode ser considerada uma grande instalação, na qual Zerbini testa os limites conceituais da arte contemporânea, misturando diferentes linguagens e suportes.
"Para mim, o produto final, a obra em si, não vale tanto, mas sim o processo todo que me fez chegar a ele", afirma o artista que participou da histórica mostra "Como Vai Você Geração 80?", ocorrida no Rio em 1984. A exposição reafirmou a pintura como linguagem fundamental nas artes visuais e exibiu uma série de nomes que se consolidaram nos anos seguintes, como os pintores Daniel Senise e Beatriz Milhazes, além de Gonçalo Ivo, que também expõe em São Paulo.
Na mostra de Zerbini, o tríptico (conjunto de três telas) "O Suicida Alto Astral", já exibido na exposição Paralela, no ano passado, foi montado de maneira diferente. Blocos maiores de concreto e azulejos o sustentam, com esculturas que representam crânios perfurados servindo de apoio para a instalação das telas verticais.
O título da mostra, "Trepanações e Outros Artifícios", remete à cirurgia feita em crânios em séculos passados, segundo o artista, com fins de expulsar os maus espíritos. "Há registros em diversas civilizações desse tipo de intervenção, dos maias até a Europa da Idade Média", diz.
Para Zerbini, o procedimento tem "algo brutal". "Eu me identifico com esses que eram considerados "malucos" e sofriam tal operação. Dos crânios, sai a base física para essas pinturas, como se a arte respirasse e ficasse livre."
A pintura do artista, que oscila entre o registro de cenas domésticas e as paisagens abstratas que lidam com o questionamento da linguagem plástica, está de certa forma sintetizada nas seis obras agora expostas na galeria.
Assim como em "Do Corpo a Paisagem", exposição que Zerbini participou no Instituto Tomie Ohtake no ano passado, o artista, em uma de suas obras, reúne referências à arte mais tradicional e à tradição geométrica -um céu azulado que termina em faixas horizontais. Mas a tela "Minha Última Pintura" radicaliza a pintura de Zerbini. De grandes dimensões -2,70 m por 4,20 m-, é completamente negra e "captura o espectador", segundo o artista.
"É enigmática, figurativa e conceitual ao mesmo tempo, uma espécie de resumo da minha obra."


TREPANAÇÕES E OUTROS ARTIFÍCIOS - LUIZ ZERBINI
Quando:
abertura hoje, às 14h (convidados); de ter. a sex., das 10 às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 12/5
Onde: galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, SP, tel. 0/xx/11/ 3032-7066)
Quanto: grátis


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