São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2008

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Disco music alimenta novos artistas do pop

Gênero que levou o hedonismo às discotecas nos anos 1970, recebe modernas releituras melancólicas e espaciais

Nomes como os americanos Glass Candy e Chromatics retrabalham conceitos da disco e são disputados para apresentações no Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

Giorgio Moroder, sem querer, nunca esteve tão na moda como nos últimos meses.
O italiano, hoje com 59 anos, que com sua forma original de usar sintetizadores ajudou a formatar a disco music nos anos 1970 (ele produziu o clássico dos clássicos "I Feel Love", na voz de Donna Summer), vê seu trabalho resgatado por jovens bandas e produtores da eletrônica e do pop.
Baixo acentuado, vocais que reverenciam as divas do soul e do funk, o hedonismo como missão. São ingredientes da disco music que alimentam vários dos nomes novos e prestigiados, como o norte-americano Hercules and Love Affair.
Grande parte da culpa pelo revival disco está no selo norte-americano Italians Do It Better, comandado pelo DJ e produtor Mike Simonetti.
Simonetti lançou no exterior, no ano passado, a compilação "After Dark", que trazia cinco artistas que desconstroem os anos 1970: Glass Candy, Chromatics, Mirage, Farah e Prof. Genius. Desses, destacam-se os dois primeiros.
O Glass Candy tem na estilosa vocalista Ida No seu ponto de referência; com voz deliciosamente gelada, ela caminha em cima das linhas espaciais construídas pelo sintetizador do produtor Johnny Jewel.
Há um glamour kitsch neste duo baseado em Portland (EUA), em canções como "Rolling Down the Hills" e no semihit "Beatific" (ouça no www. myspace.com/glasscandy).
A produção é básica, uma ou outra linha de sintetizador; o ritmo é lento; a voz de Ida No parece distante, inatingível.
"Não uso computadores de maneira nenhuma. Não porque eu não confie neles ou porque ache que eles sejam ruins, mas simplesmente porque eu não sei [mexer neles]. Todos os nossos equipamentos são bem básicos, e eu tive que aprender a manuseá-los", disse Jewel em entrevista na edição deste mês da revista americana "Fader".
Jewel é, também, parte do Chromatics, outro vértice prestigiado da neodisco.
Aqui ele divide funções com os músicos Adam Miller e Natty Miller, além da charmosa vocalista Ruth Radelet.
Tanto no Glass Candy como no Chromatics há uma preocupação em fazer com que cada timbre soe natural, sem nenhum tipo de lapidação digital.
O Chromatics lançou no ano passado o deliciosamente climático "Night Drive" -como no Hercules and Love Affair, a melancolia dá o tom das faixas, acompanhada por melodias espaciais e hipnóticas. Dá para ouvir no www.myspace.com/chromaticsmusics.

No Brasil
Músicas de Glass Candy e Chromatics estão presentes em sets de DJs como Prins Thomas (o norueguês responsável pela popularização da "space disco") e ocupam espaço em blogs e sites. Estão, também, disputados para vir ao Brasil.
O Glass Candy colocou em sua página no MySpace que, no dia 28 de junho, faria um show em São Paulo. Iriam vir para um festival, segundo apurou a Folha com produtores, mas a data deve ser transferida.
Quem está certo é Mike Simonetti. O "capo" da Italians Do It Better fará um DJ set no clube Vegas, em junho.
Outro bom nome ligado à disco music que se apresenta em São Paulo é a dupla britânica Mock & Toof (www.myspa ce.com/mockandtoof).
O duo, que já remixou faixas de Scissor Sisters, Hot Chip e Maps e que já lançou single pela DFA, vai tocar no D-Edge, em maio. (THIAGO NEY)


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