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Cineasta francês filma obscuridade de Iberê Camargo
Com recursos da Fundação Iberê Camargo, filme de Pierre Coulibeuf vai explorar relação entre pintura e arquitetura
Filmagens foram iniciadas no início do mês passado, em Porto Alegre, no prédio projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Depois de trabalhar com nomes como a performer Marina
Abramovic, a coreógrafa Meg
Stuart e os artistas plásticos
Jan Fabre e Michelangelo Pistoletto, todos bastante radicais
em suas respectivas áreas, o cineasta francês Pierre Coulibeuf, nascido em 1949, prepara
agora sua nova produção, que
traz para a cena o pintor Iberê
Camargo (1914-1994).
O filme em 35 mm, que também terá uma versão para uma
instalação, será exibido em junho na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, que comissionou a obra de Coulibeuf.
"Vi toda a documentação sobre Iberê e, ao mesmo tempo,
descobri o prédio de Siza, que
muito me impressionou. Achei
muito interessante o arquiteto
fazer o edifício inspirado nele e,
com isso, achei que tinha elementos significativos para um
filme que relacionasse pintura
e arquitetura", disse Coulibeuf
à Folha.
No início do mês passado, foram realizadas as filmagens para a nova produção de Coulibeuf, na sede da Fundação Iberê Camargo, inaugurada há
cerca de um ano, projeto do arquiteto português Álvaro Siza.
"A forma do prédio me levou
a pensar na estrutura do filme,
concebido como um labirinto
percorrido por dois personagens ficcionais", disse o diretor.
Os personagens são interpretados por um ator brasileiro, Mateus Walter, e uma bailarina
portuguesa radicada em Berlim, Vânia Rovisco.
"Como sempre em meus trabalhos, trata-se do olhar de um
artista sobre outro artista, portanto não será uma biografia
do Iberê. Além do mais, o que
eu faço é a transposição de alguma área específica, como a
performance ou a dança, para a
linguagem do cinema. Agora, o
tema será a relação entre a pintura e seu habitat", conta.
Livre para entrar na obra de
Camargo, Coulibeuf inspirou-se num momento específico,
quando o artista gaúcho, depois de viver no Rio, voltou a
Porto Alegre. "O momento de
sua carreira que mais me interessou foi o dos anos 1960, que
podemos chamar de "período
obscuro" e que relaciono com
minhas próprias obsessões",
diz. Nessa fase, Camargo aborda uma temática de fato densa,
que mergulha em conflitos
fundamentais da condição humana, como a solidão.
O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite da Fundação Iberê Camargo
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