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MÚSICA
Cantora lança seu segundo disco em 17 anos de carreira, com shows hoje e amanhã, no Sesc Pompéia, em SP
Laura Finocchiaro "liberta" o CD "Ecoglitter"
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
No Brasil às vezes é assim. Numa
carreira musical de 17 anos, a cantora, compositora e instrumentista Laura Finocchiaro, 36, só agora
consegue chegar a seu segundo
disco -primeiro CD-, que lança
hoje e amanhã com shows no Sesc
Pompéia, em São Paulo.
"Ecoglitter", o CD, surge após
novela de quatro anos, daquelas
comuns vividas por artistas ditos
independentes. "Já estou acostumada. Tinha jurado que se nada
acontecesse até eu fazer dez anos
de carreira, desistiria. No décimo
ano, aconteceu o "Rock in Rio 2'."
Ela se refere a seu "descobrimento" pela mídia, em 91. Gaúcha de
Porto Alegre se apresentando em
"todos os lugares de São Paulo"
desde 83, em 90 foi inscrita -por
um fã anônimo- no concurso
que levaria três bandas desconhecidas a abrir os shows do festival.
Conquistou o segundo lugar.
"Tive que escrever um atestado de
pobreza para pagar a viagem -o
festival não ajudava em nada."
O périplo pelas gravadoras não
foi pequeno também. O "prêmio"
do "Rock in Rio" dava direito a
um disco para cada vencedor -os
outros foram o dinossáurico Serguei e a banda Vid & Sangue
Azul-; o de Laura só foi sair um
ano depois, pela BMG, sem qualquer divulgação.
"Fui percebendo que os caras de
gravadoras queriam uma boneca,
queriam mudar as coisas que eu
fazia. Não soube fazer o jogo desses caras, e esses caras não me deram nada. Acho que no Brasil os
artistas são coniventes com isso.
Ficam em seus pedestais, "eu sou
um Deus e o resto que se dane'. Só
estar na resistência é um puta orgulho para mim."
Não há traço de ressentimento
em seu discurso. "Vivo num país
subdesenvolvido, sou mulher,
guitarrista, arranjadora, cantora,
compositora, tenho certas posturas sexuais. Talvez seja um carma,
e sou feliz com esse carma."
"Ecoglitter" é a chegada da veterana roqueira ao universo do pop
dançante, a algo "meio Mix Brasil", como ela define.
"Não é novidade. Comecei a fazer música eletrônica em 85, já
usava violino elétrico em show. No
primeiro disco, fui inventar de fazer aquele repertório meio étnico,
ninguém entendeu. Mas era um
disco basicamente eletrônico."
"Ecoglitter" gira em torno da faixa "Dinheiro", a constatação irônica de Laura de que "a roda da
fortuna tá rodando ligeiro" e de
que "na história da riqueza do homem quando um ganha é porque
outro perdeu".
Em torno do tema também se
desenvolve o show - "uma superprodução feita, como sempre,
com quase nenhum dinheiro"-,
que brinca com versões distorcidas de "Pecado Capital" ("dinheiro na mão é vendaval"), de Paulinho da Viola, e "Com Que Roupa", de Noel Rosa.
O conceito "Ecoglitter" ela explica de cor: "É a tentativa de encontrar um ponto de equilíbrio vivendo no caos da modernidade, da
eletrônica, da cibernética, sem
perder contato com elementos naturais, tentar harmonizar tudo".
Há quatro anos gravando e tentando lançar "Ecoglitter", Laura
comemora seu acontecimento:
"Hoje tenho certeza de que não
perco mais minha integridade.
Sou uma pessoa de sucesso, não
há mais limite para mim".
Show: Laura Finocchiaro
Onde: Sesc Pompéia (R. Clélia, 93, tel.
011/3871-7777)
Quando: amanhã e quarta, às 21h
Quanto: R$ 10
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