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OUTRA FREQUÊNCIA
Rádio entra na disputa pela verba do governo
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
AMs e FMs entraram na disputa com as emissoras de TV
e outras mídias pela verba de publicidade do governo federal.
Empresários do setor já se reuniram com o ministro Luiz Gushiken, da Secom (Secretaria de
Comunicação de Governo), que
definirá a divisão do bolo publicitário do Planalto e das estatais.
A intenção é convencer o petista
a ampliar a veiculação de campanhas governamentais no rádio. E
superar a marca de participação
do setor no mercado publicitário
privado: AMs e FMs ficam com
menos de 5% do bolo, enquanto
as TVs concentram quase 60%.
Neste ano, o governo deverá investir R$ 600 milhões em publicidade. Desse montante, as TVs devem ficar com a metade -e não
60%-, o que gera uma margem
para o crescimento do rádio.
Para conseguir descontos, a Secom concentrou a verba das estatais e está negociando "pacotes"
com as emissoras de televisão. O
próximo passo será a compra de
espaço em estações de rádio.
"Estamos chegando à etapa de
negociar com as rádios. O governo considera o veículo muito importante para sua comunicação", afirmou à Folha Marcus Flora, secretário-adjunto do ministro Gushiken, após participar do 4º
Fórum Brasil de Programação e
Produção, na semana passada.
A dificuldade, segundo Flora, é
o fato de existirem poucas redes
nacionais de rádio. "É mais difícil
programar a publicidade estatal
num esquema "de varejo". Mas estamos pensando numa maneira
de lidar com isso", afirmou.
A TV Cultura, por exemplo, está
querendo formar uma rede com
outras TVs públicas para entrar
no "jogo" da Secom. E, dependendo do "tamanho" da intenção
do governo em anunciar no rádio,
esse poderá ser também o movimento de AMs e FMs.
A proposta de lei que deixa a liberação de comunitárias só a cargo do Ministério das Comunicações foi aprovada na semana passada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O projeto
segue agora ao plenário. Se virar
lei, as autorizações para esse tipo
de estação não terão mais de passar pela revisão do Congresso.
A Abert, que representa as
emissoras comerciais, conseguiu
emplacar um membro no grupo
de trabalho criado pelo Ministério
das Comunicações para agilizar a
liberação de rádios comunitárias.
A vaga será de Oscar Piconez, diretor-executivo da entidade. Detalhe: as comunitárias costumam
ser encaradas como inimigas pela
maioria do empresariado de rádio. Inclusive por muitos ligados
à diretoria da Abert.
laura@folhasp.com.br
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