|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Morre aos 82 Robert Rauschenberg
Artista americano foi central no pós-guerra e, ao lado de Jackson Pollock e outros, ajudou a reinventar a arte do século 20
O artista que foi pintor, fotógrafo, gravurista, coreógrafo, performer, cenógrafo e compositor morreu na Flórida (EUA)
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Morreu, anteontem, aos 82
anos, o norte-americano Robert Rauschenberg, um dos
mais importantes artistas da
segunda metade do século 20.
A morte ocorreu em sua casa,
na Flórida, após o artista ter solicitado alta de um hospital, onde se tratava de uma bronquite.
Rauschenberg fez parte do
segundo ciclo de produção artística nos EUA, pós-Segunda
Guerra, marcado pela experimentação, que se seguiu ao expressionismo abstrato, no qual
participaram Jackson Pollock,
Mark Rothko, Barnett Newman e Willem de Kooning.
Pintor, fotógrafo, gravurista,
coreógrafo, performer, cenógrafo e compositor, Rauschenberg foi um dos mais produtivos artistas que transformaram
o perfil da arte nos anos 50,
sendo o primeiro norte-americano de seu grupo a ter reconhecimento internacional, ao
ganhar o Leão de Ouro, na 32ª
Bienal de Veneza, em 1964.
"Nenhum artista norte-americano foi mais criativo do que
Rauschenberg", chegou a dizer
Jasper Johns, que iniciou sua
produção no mesmo período.
Rauschenberg nasceu em
Port Arthur, no Texas, no dia
22 de outubro de 1925. Em
1948 e 1949, ele estudou no
Black Mountain College, na Carolina do Norte, com o alemão
Josef Albers e tendo por colegas o coreógrafo Merce Cunningham e os compositores
John Cage e David Tudor. Com
Cage, ainda no Black Mountain, Rauschenberg criou
"Theater Piece nº 1", considerado o primeiro "happening"
na história da arte.
Em 1949, Rauschenberg mudou-se para Nova York e lá, em
1953, começou a produzir a série denominada "Combines",
na qual ele mistura à pintura
uma série de elementos inusitados, seja um pássaro empalhado, pedaços de pneu, ou uma
cama, construindo um novo valor estético para a obra de arte.
Esse mescla de elementos
distintos irá ser o centro de sua
obra a partir de então. "A beleza
agora está em segundo plano
para qualquer lugar que ousemos olhar", disse Cage a respeito da obra de Rauschenberg.
"Eu tenho pena das pessoas
que pensam que coisas como
sabão, espelhos ou garrafas de
Coca-Cola são feias, pois elas
estão rodeadas por esses elementos o tempo todo e isso deve ser miserável", dizia o artista
norte-americano.
Dança e teatro
Com isso, Rauschenberg afirmava a vinculação entre arte e
vida e a recusa em trabalhar
com a idéia de representação,
sendo que as coisas em si eram
os melhores elementos para representar eles mesmos. Isso
ocorria simultaneamente na
dança, com Trisha Brown, por
exemplo, que rompia, também
em Nova York, com os espaços
tradicionais para a apresentação de um espetáculo, levando-os para ruas e parques.
A dança e o teatro, aliás, também foram campos de experimentação de Rauschenberg.
Desde os anos 50, ele se envolveu na produção de figurinos e
cenários para artistas como
Cunningham, Brown, Paul
Taylor, Steve Paxton e Mikhail
Baryshnikov.
No Brasil, o artista participou
de quatro edições da Bienal de
São Paulo: em 1959, 1967, 1994
e 1998. A quinta edição da Bienal, em 1959, é considerada
uma das melhores da história
do evento e teve, além de Rauschenberg, Philip Guston e David Smith, entre outros.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Frase Índice
|