São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2008

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Morre aos 82 Robert Rauschenberg

Artista americano foi central no pós-guerra e, ao lado de Jackson Pollock e outros, ajudou a reinventar a arte do século 20

O artista que foi pintor, fotógrafo, gravurista, coreógrafo, performer, cenógrafo e compositor morreu na Flórida (EUA)

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Morreu, anteontem, aos 82 anos, o norte-americano Robert Rauschenberg, um dos mais importantes artistas da segunda metade do século 20. A morte ocorreu em sua casa, na Flórida, após o artista ter solicitado alta de um hospital, onde se tratava de uma bronquite.
Rauschenberg fez parte do segundo ciclo de produção artística nos EUA, pós-Segunda Guerra, marcado pela experimentação, que se seguiu ao expressionismo abstrato, no qual participaram Jackson Pollock, Mark Rothko, Barnett Newman e Willem de Kooning.
Pintor, fotógrafo, gravurista, coreógrafo, performer, cenógrafo e compositor, Rauschenberg foi um dos mais produtivos artistas que transformaram o perfil da arte nos anos 50, sendo o primeiro norte-americano de seu grupo a ter reconhecimento internacional, ao ganhar o Leão de Ouro, na 32ª Bienal de Veneza, em 1964.
"Nenhum artista norte-americano foi mais criativo do que Rauschenberg", chegou a dizer Jasper Johns, que iniciou sua produção no mesmo período.
Rauschenberg nasceu em Port Arthur, no Texas, no dia 22 de outubro de 1925. Em 1948 e 1949, ele estudou no Black Mountain College, na Carolina do Norte, com o alemão Josef Albers e tendo por colegas o coreógrafo Merce Cunningham e os compositores John Cage e David Tudor. Com Cage, ainda no Black Mountain, Rauschenberg criou "Theater Piece nº 1", considerado o primeiro "happening" na história da arte.
Em 1949, Rauschenberg mudou-se para Nova York e lá, em 1953, começou a produzir a série denominada "Combines", na qual ele mistura à pintura uma série de elementos inusitados, seja um pássaro empalhado, pedaços de pneu, ou uma cama, construindo um novo valor estético para a obra de arte.
Esse mescla de elementos distintos irá ser o centro de sua obra a partir de então. "A beleza agora está em segundo plano para qualquer lugar que ousemos olhar", disse Cage a respeito da obra de Rauschenberg.
"Eu tenho pena das pessoas que pensam que coisas como sabão, espelhos ou garrafas de Coca-Cola são feias, pois elas estão rodeadas por esses elementos o tempo todo e isso deve ser miserável", dizia o artista norte-americano.

Dança e teatro
Com isso, Rauschenberg afirmava a vinculação entre arte e vida e a recusa em trabalhar com a idéia de representação, sendo que as coisas em si eram os melhores elementos para representar eles mesmos. Isso ocorria simultaneamente na dança, com Trisha Brown, por exemplo, que rompia, também em Nova York, com os espaços tradicionais para a apresentação de um espetáculo, levando-os para ruas e parques.
A dança e o teatro, aliás, também foram campos de experimentação de Rauschenberg. Desde os anos 50, ele se envolveu na produção de figurinos e cenários para artistas como Cunningham, Brown, Paul Taylor, Steve Paxton e Mikhail Baryshnikov.
No Brasil, o artista participou de quatro edições da Bienal de São Paulo: em 1959, 1967, 1994 e 1998. A quinta edição da Bienal, em 1959, é considerada uma das melhores da história do evento e teve, além de Rauschenberg, Philip Guston e David Smith, entre outros.


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