São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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COMIDA

Crítica

Siá Mariana põe de lado o pirão e dá roupagem europeia a peixes do Pantanal

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Lembrar a cozinha brasileira e festejar seus ingredientes são ações em alta na gastronomia de São Paulo. Sendo assim, não surpreende a inauguração, no final de abril, de um restaurante com peixes brasileiros do Pantanal de Mato Grosso: o Siá Mariana.
O que pode surpreender é o restaurante em si. Dedicado a uma cozinha rústica e com esse nome brejeiro (refere-se à baía Siá Mariana, a maior de água doce do mundo, no coração do Pantanal), o restaurante espanta quem esperava um lugar informal e folclórico.
É um empreendimento de fôlego. Fica na afamada rua Amauri (embora não no seu trecho milionário), é muito grande (dois pisos e 160 lugares), tem mesas espaçadas e confortáveis, jardim com luz natural, adega subterrânea, preços superlativos... Realmente não parece uma choupana de pesca do Pantanal.
Seus proprietários vêm de lá. Lélis Fonseca, 36, e Afonso Salgueiro Filho, 54, têm três negócios na área gastronômica em Cuiabá: são sócios nos restaurantes Lélis Peixaria, há três anos, e Due Ladroni, há seis meses -e Afonso tem o bar/ restaurante Getúlio há 14 anos.
O Peixaria ficou conhecido por seu rodízio de dez diferentes peixes de água doce, agora transplantados para São Paulo.
Aqui, o rodízio funciona somente no almoço -os peixes, trazidos de Cuiabá, são levados à mesa num carrinho e servidos à vontade. À noite, com outras receitas, são servidos à la carte. Entre eles, há pirarucu, dourado, piraputanga, matrincham, lambari e pacu.
Como petisco, há gostosas iscas de jacaré e caldo de piranha. Mas, fora do rodízio do almoço, os peixes do Pantanal recebem roupagens europeias: pintado com molho béarnaise, matrincham com pimenta-verde (minúscula, mas fortíssima, cuidado) e endívias grelhadas, piraputanga ao molho de maçã (bem leve) e batata gratinada.
As demais seções (peixes de água salgada -como robalo e salmão-, carnes, massas) também se rendem à matriz europeia. Já que estamos no coração do Brasil, fazem falta o pirão, a farofa de banana e mesmo as carnes silvestres, uma cozinha com mais raiz, mesmo com toda a pompa e preços do lugar.

josimar@basilico.com.br

SIÁ MARIANA

Endereço: r. Amauri, 517, Itaim Bibi, tel. 0/ xx/11/3071-3797
Funcionamento: seg. a qui., das 12h às 15h30 e das 19h à 0h; sex. e sáb., das 12h às 16h30 e das 19h à 1h; dom., das 12h às 17h
Ambiente: amplo, elegante, confortável Serviço: fluente, com veteranos profissionais da cidade
Vinhos: a oferta é ampla, mas faltam mais brancos e mais garrafas de preços módicos
Cartões: todos
Estacionamento com manobrista: R$ 10
Preços: couvert, R$ 18; entradas, R$ 30 a R$ 44; prato principal, R$ 51 a R$ 126; sobremesa, R$ 9 a R$ 22; almoço (rodízio de peixes), R$ 58 (para crianças) e R$ 79,90 (adultos)


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