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Escultora se dividiu entre o marido e Marcel Duchamp
DA REPORTAGEM LOCAL
Maria Martins viveu uma vida dupla. Passava parte do tempo como embaixatriz em Washington e mantinha um ateliê
em Nova York, onde se encontrava com o amante Marcel Duchamp, um dos artistas mais
importantes do século 20.
Em sua obra mais célebre, "O
Impossível", Martins mostra
um conflito entre seres masculino e feminino. São garras em
riste e um ato sexual não consumado, metáfora para o amor
que viveu com Duchamp.
Num poema, ela provoca o
amante. "Quero que a lembrança de mim enrosque em seu
corpo como serpente de fogo",
diz um dos versos. "Para você,
quero longas noites insones."
Em resposta à relação impossível, Duchamp decide então
fazer sua obra mais enigmática,
"Étant Donnés".
Ficou 20 anos
trancado num ateliê secreto reconstruindo as formas de Martins para fazer a mulher que está nua num cenário fantástico.
Nas cartas que escreveu para
a amante ao longo dos anos 40,
Duchamp implorava para que
ela se casasse e fugisse com ele.
"Minha pequena, dediquemos todo o tempo possível a
nós mesmos", escreveu Duchamp. "Nada vale o esforço de
suar sangue pelos outros."
(SM)
Leia as cartas de Duchamp
www.folha.com.br/101331
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