São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2001

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Chega aos EUA a versão cinematográfica para o game "Tomb Raider", protagonizado por Angelina Jolie, como Lara Croft

Tomb Raider - O cinema em jogo

Associated Press
Angelina Jolie na pele da heroína Lara Croft, em "Tob Raider", versão para as telas do clássico game que estréia nos EUA


MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Não, eles não são reais. Registre essa informação porque ela é, na verdade, a resposta à primeira pergunta que você vai fazer ao ver Angelina Jolie no papel da heroína Lara Croft em "Tomb Raider".
Feita a inevitável menção aos seios da personagem, vamos ao que interessa. Não há nada sobre Jolie, do sutiã que aumenta em pelo menos três tamanhos sua capacidade mamária ao relacionamento publicamente kamasutrico que tem com o marido, o ator Billy Bob Thornton, que deixe de intrigar ou fascinar público e mídia. Não há tampouco assunto ou pergunta que intimide a filha de Jon Voight, que responde a qualquer questão com desenvoltura de político em véspera de eleição.
Desde que, em 98, foi colocada sob a lente coletiva quando fez o papel de uma modelo lésbica viciada em heroína em "Gia", exibido pela HBO, Jolie não saiu mais do foco coletivo. O Oscar recebido por sua atuação em "Garota, Interrompida", no ano passado, veio somente confirmar o óbvio: que a estrela da menina de 26 anos que coleciona facas, tatuagens e ratos como animais de estimação está destinada a brilhar por anos a fio.
Foi para falar de "Tomb Raider", a megaprodução de US$ 100 milhões que ela protagoniza e que será lançada com todo o alvoroço que lhe cabe nesta sexta, nos Estados Unidos, que Jolie recebeu a reportagem da Folha em Los Angeles. Como era de esperar, o filme foi apenas um pretexto para que ela discursasse sobre bissuxualidade, armas, Billy Bob e instinto suicida.

Folha - O que você e Lara Croft têm em comum?
Angelina Jolie -
Dos personagens que interpretei, ela é a que mais se parece comigo. É destemida, guerreira, arrojada, divertida. Não somos femininas ao extremo, mas sabemos ser se quisermos. Temos apetite pela vida.

Folha - Em "Tomb Raider", você trabalha ao lado de seu pai, coisa que só havia feito aos cinco anos de idade. Como foi a experiência?
Jolie -
Muito emocional porque o diálogo da cena que fazemos juntos tem tudo a ver com a história de nosso relacionamento. Não conseguíamos parar de chorar.

Folha - Houve quem apostasse que seu casamento com Billy Bob duraria semanas.
Jolie -
Pois é. E já estamos juntos há um ano e alguns meses. Acabamos de renovar nossos votos na cozinha de casa. Uma mulher veio nos dar a benção e fizemos ali mesmo um pacto de sangue e novas tatuagens de significado secreto e sagrado.

Folha - Você ainda coleciona facas?
Jolie -
Não só facas como também diferentes tipos de armas. Meu marido e eu mantemos todas essa parafernália em um quarto trancado.

Folha - É verdade que você fez as cenas de ação sem a ajuda de dublês?
Jolie -
Havia dublês no set à minha disposição, mas fiz questão de dar conta das acrobacias de Lara. Em alguns casos, porque queria me divertir. Em outros, porque os dublês não conseguiam.

Folha - Quantos acidentes?
Jolie -
Vários. Joelho, tornozelo, costas, centenas de cortes e dezenas de novas cicatrizes.

Folha - Como você se relaciona com os fãs?
Jolie -
Os fãs são meu porto seguro. Faço questão de tratá-los com o mesmo respeito que eles me dão. Quando minha vida estava complicada, foram eles, por meio de cartas, que me deram as mãos. Por isso, sempre que os encontro, individual ou coletivamente, quero tocá-los, beijá-los, agradecê-los.

Folha - Você já foi rotulada de gay, bissexual e heterossexual. Onde você se encaixa?
Jolie -
Não há nada de errado com nenhum desses rótulos. Você ama a pessoa que ama, não importa sexo, idade ou cor. Amor é atração, é a transa perfeita, como a que tenho com meu marido. Eu encontrei o amor da minha vida e ele é um homem. Mas poderia ter sido uma mulher, porque, por mais de uma vez, já estive apaixonada por uma mulher. Não entendo como uma coisa bonita como o amor pode ser polêmica.

Folha - Por falar nisso, a imprensa insinuou que havia entre seu irmão e você uma relação incestuosa. Como você se sentiu?
Jolie -
Incomoda, principalmente porque afetou minha relação com ele. Mas não acho que alguém acredite no que a imprensa diz sobre isso. Eles fazem de uma coisa bonita algo chocante. A interpretação deles vem de seus pensamentos doentios, e não de minhas atitudes.

Folha - Como o relacionamento com Billy Bob mudou sua vida?
Jolie -
Se não fosse por ele e pelo meu trabalho, não estaria aqui falando com você hoje. Eu amo demais a vida, mas preciso de liberdade para ser feliz e, sem ela, sou como um animal enjaulado. Prefiro morrer do que me sentir assim. Antes de conhecer meu marido, não estava me sentindo livre.

Folha - Ao contrário da maioria dos atores, você não se importa em falar sobre sua vida pessoal.
Jolie -
Minha intenção não é chocar. Compartilhar nosso amor, que é puro e inesgotável, é uma forma de celebrá-lo, de dizer que somos gratos pelo que temos. Não me importo mesmo.


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