São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

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Após vários anos, Roberto Carlos volta a cantar que "o mal existe"

Depois da proibição de biografia, Rei restaura letra de "É Preciso Saber Viver"

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Antes do show, fãs se queixavam da vitória do ídolo na luta para suspender as vendas da biografia "Roberto Carlos em Detalhes", de Paulo Cesar de Araújo. Depois, porém, o clima era de euforia: ele venceu mais um round contra o seu TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e voltou, após muitos anos, a dizer "mal" no verso "Se o bem e o mal existem", de "É Preciso Saber Viver".
"Eu pensei que ninguém ia notar", brincou ele, anteontem, após a segunda vez em que cantou a palavra e, portanto, após a segunda ovação da platéia -na qual estava o ministro da Cultura, Gilberto Gil. Em seguida, à guisa de pedido de perdão ou não, cantou "Jesus Cristo". Distribuiu rosas para o público -ritual que foi mais caloroso por ser Dia dos Namorados- e recebeu presentes como um urso de pelúcia azul-turquesa.
Foi seu primeiro show no Brasil após o acordo feito em 27 de abril com a editora Planeta que levou ao recolhimento do livro. Também foi o primeiro no Canecão após 15 anos, sendo que há 24 ele não fazia uma temporada na casa carioca.
"Pensaram que eu não vinha mais. Quando cheguei aqui, encontrei tudo marrom. Ainda bem que estou melhor", disse, antes de "É Preciso Saber Viver". Roberto selecionou números que vem fazendo há anos: "Detalhes" ao violão; "Acróstico" ao piano; "O Cadillac" e "O Calhambeque" diante de constrangedores carros infláveis, entre outros. No início do show, depois de "Emoções", ele fez outra brincadeira: "No dia em que eu escrever meu livro... Ih, caramba! Quem mandou improvisar?".
No entanto, mesmo fãs não gostaram da proibição da biografia. "É uma palhaçada. Ele adora falar em Maria Rita [mulher de Roberto, morta em 1999], ganha dinheiro em cima dela, mas não quer que um livro fale", disse a bibliotecária Hilda Navarro, 60. Sua amiga Maria Thereza Freitas, 62, embora contra a proibição, acha "a perda da perna uma questão íntima", que poderia ser omitida. Para a aposentada Maria Elisa Padovani, 58, Roberto "foi muito radical": "Ficou deselegante". "Não gosto dele como homem. Para cama não serve", opinou. Já a vendedora Mira Lima, 64, "morreria feliz" se pudesse ver o Rei no camarim, mas diz que "ele fez bobagem. Todo mundo sabe da vida dele".
Para a fisioterapeuta Ana Paula Dias dos Santos, 42, um livro autorizado seria "mais fiel à realidade". "Acho que biografia deve ser sempre autorizada", afirmou ao lado da mãe, nascida, como Roberto, em Cachoeiro do Itapemirim (ES). A advogada Verônica Bezerra de Melo, 35, não fez concessão: "Sou contra censura. Vivemos num país democrático, com liberdade de expressão, e ele poderia exprimir seu descontentamento de outra forma".


ROBERTO CARLOS
Quando:
hoje e amanhã, às 22h; dias 22 e 23/6, às 20h; e 24/6, às 19h
Onde: Canecão (av. Venceslau Brás, 215, Botafogo, RJ, tel. 0/xx/ 21/2105-2000)
Quanto: de R$ 20 a R$ 500



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