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Após vários anos, Roberto Carlos volta a cantar que "o mal existe"
Depois da proibição de biografia, Rei restaura letra de "É Preciso Saber Viver"
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Antes do show, fãs se queixavam da vitória do ídolo na luta
para suspender as vendas da
biografia "Roberto Carlos em
Detalhes", de Paulo Cesar de
Araújo. Depois, porém, o clima
era de euforia: ele venceu mais
um round contra o seu TOC
(transtorno obsessivo-compulsivo) e voltou, após muitos
anos, a dizer "mal" no verso "Se
o bem e o mal existem", de "É
Preciso Saber Viver".
"Eu pensei que ninguém ia
notar", brincou ele, anteontem,
após a segunda vez em que cantou a palavra e, portanto, após a
segunda ovação da platéia -na
qual estava o ministro da Cultura, Gilberto Gil.
Em seguida, à guisa de pedido de perdão ou não, cantou
"Jesus Cristo". Distribuiu rosas
para o público -ritual que foi
mais caloroso por ser Dia dos
Namorados- e recebeu presentes como um urso de pelúcia azul-turquesa.
Foi seu primeiro show no
Brasil após o acordo feito em 27
de abril com a editora Planeta
que levou ao recolhimento do
livro. Também foi o primeiro
no Canecão após 15 anos, sendo
que há 24 ele não fazia uma
temporada na casa carioca.
"Pensaram que eu não vinha
mais. Quando cheguei aqui, encontrei tudo marrom. Ainda
bem que estou melhor", disse,
antes de "É Preciso Saber Viver". Roberto selecionou números que vem fazendo há
anos: "Detalhes" ao violão;
"Acróstico" ao piano; "O Cadillac" e "O Calhambeque" diante
de constrangedores carros infláveis, entre outros.
No início do show, depois de
"Emoções", ele fez outra brincadeira: "No dia em que eu escrever meu livro... Ih, caramba!
Quem mandou improvisar?".
No entanto, mesmo fãs não
gostaram da proibição da biografia. "É uma palhaçada. Ele
adora falar em Maria Rita [mulher de Roberto, morta em
1999], ganha dinheiro em cima
dela, mas não quer que um livro
fale", disse a bibliotecária Hilda
Navarro, 60. Sua amiga Maria
Thereza Freitas, 62, embora
contra a proibição, acha "a perda da perna uma questão íntima", que poderia ser omitida.
Para a aposentada Maria Elisa Padovani, 58, Roberto "foi
muito radical": "Ficou deselegante". "Não gosto dele como
homem. Para cama não serve",
opinou. Já a vendedora Mira
Lima, 64, "morreria feliz" se
pudesse ver o Rei no camarim,
mas diz que "ele fez bobagem.
Todo mundo sabe da vida dele".
Para a fisioterapeuta Ana
Paula Dias dos Santos, 42, um
livro autorizado seria "mais fiel
à realidade". "Acho que biografia deve ser sempre autorizada", afirmou ao lado da mãe,
nascida, como Roberto, em Cachoeiro do Itapemirim (ES).
A advogada Verônica Bezerra
de Melo, 35, não fez concessão:
"Sou contra censura. Vivemos
num país democrático, com liberdade de expressão, e ele poderia exprimir seu descontentamento de outra forma".
ROBERTO CARLOS
Quando: hoje e amanhã, às 22h; dias
22 e 23/6, às 20h; e 24/6, às 19h
Onde: Canecão (av. Venceslau Brás,
215, Botafogo, RJ, tel. 0/xx/ 21/2105-2000)
Quanto: de R$ 20 a R$ 500
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