São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica

Carioca Esch Café acerta no ambiente, mas cozinha ainda precisa melhorar

CRÍTICO DA FOLHA

Na contramão do movimento que está levando filiais de restaurantes paulistanos para o Rio, o carioca Esch Café estabeleceu-se há um mês em São Paulo, pleno de ambições. Instalou-se em um ponto nobre nos Jardins, instaurou um ambiente carioca, com mesas ao ar livre perto da calçada, e aposta num mix ousado de bar, restaurante e tabacaria. Espera ganhar o público com sua cozinha (igual à servida no Rio), suas bebidas (o longo balcão do bar é comandado por um mestre, Derivan Ferreira, e os vinhos ficam climatizados), seus charutos (ali se instalará a Casa del Habano, filial da casa sediada em Cuba).
Como ambiente, a tacada foi certeira. Alto pé-direito e boa ventilação não deixam o charuto atrapalhar ninguém. A cozinha, por sua vez, pode suprir as necessidades do bar, mas precisa melhorar se quiser ser uma atração, como indicam o amplo cardápio e a existência de pratos mais rebuscados.
O conceito da casa nasceu há dez anos, quando o comerciante Edgar Esch, 53, abriu com dois sócios o ponto no centro do Rio (e dois anos depois, a filial do Leblon). Mais que uma casa de charuteiros, o café firmou seu lado de restaurante. O cardápio das casas é elaborado pelo chef Raphael Molina, 48, que já teve um restaurante em São Paulo antes de radicar-se no Rio. Buscando uma "cozinha de bistrô carioca", ele serve pratos como picadinho (com arroz, farofa, banana e ovo poché) e carne-seca desfiada (com arroz, purê de abóbora, farofa de dendê e caldo de feijão).
Mas há pratos mais trabalhados, como a picanha (fatiada, com cebolas caramelizadas em shoyo, farofa e banana frita). Ou o cherne com risoto de tomate seco e molho cítrico. E o peito de pato (num bom ponto) com molho de damasco e laranja e mousseline de mandioquinha e nozes. Além da sobremesa do chef -pétalas de banana empanas em açúcar de baunilha e canela, com sorvete de baunilha e crosta de coco.
Só que falta sal na carne e no peixe (este não vem úmido como esperado); as bananas são secas e sem gosto; detalhes que desafiam o apreciador que espera mais do que apenas comer algo antes do charuto. (JOSIMAR MELO)

josimar@basilico.com.br


Texto Anterior: Balla Sunset
Próximo Texto: Bom e barato: Cedro do Líbano tem de esfihas a pratos trabalhados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.