|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Carioca Esch Café acerta no ambiente, mas cozinha ainda precisa melhorar
CRÍTICO DA FOLHA
Na contramão do movimento que está levando filiais de restaurantes paulistanos para o Rio, o carioca Esch Café estabeleceu-se
há um mês em São Paulo, pleno
de ambições. Instalou-se em
um ponto nobre nos Jardins,
instaurou um ambiente carioca, com mesas ao ar livre perto
da calçada, e aposta num mix
ousado de bar, restaurante e tabacaria. Espera ganhar o público com sua cozinha (igual à servida no Rio), suas bebidas (o
longo balcão do bar é comandado por um mestre, Derivan
Ferreira, e os vinhos ficam climatizados), seus charutos (ali
se instalará a Casa del Habano,
filial da casa sediada em Cuba).
Como ambiente, a tacada foi
certeira. Alto pé-direito e boa
ventilação não deixam o charuto atrapalhar ninguém. A cozinha, por sua vez, pode suprir as
necessidades do bar, mas precisa melhorar se quiser ser uma
atração, como indicam o amplo
cardápio e a existência de pratos mais rebuscados.
O conceito da casa nasceu há
dez anos, quando o comerciante Edgar Esch, 53, abriu com
dois sócios o ponto no centro
do Rio (e dois anos depois, a filial do Leblon). Mais que uma
casa de charuteiros, o café firmou seu lado de restaurante. O
cardápio das casas é elaborado
pelo chef Raphael Molina, 48,
que já teve um restaurante em
São Paulo antes de radicar-se
no Rio. Buscando uma "cozinha de bistrô carioca", ele serve
pratos como picadinho (com
arroz, farofa, banana e ovo poché) e carne-seca desfiada (com
arroz, purê de abóbora, farofa
de dendê e caldo de feijão).
Mas há pratos mais trabalhados, como a picanha (fatiada,
com cebolas caramelizadas em
shoyo, farofa e banana frita).
Ou o cherne com risoto de tomate seco e molho cítrico. E o
peito de pato (num bom ponto)
com molho de damasco e laranja e mousseline de mandioquinha e nozes. Além da sobremesa do chef -pétalas de banana
empanas em açúcar de baunilha e canela, com sorvete de
baunilha e crosta de coco.
Só que falta sal na carne e no
peixe (este não vem úmido como esperado); as bananas são
secas e sem gosto; detalhes que
desafiam o apreciador que espera mais do que apenas comer
algo antes do charuto.
(JOSIMAR MELO)
josimar@basilico.com.br
Texto Anterior: Balla Sunset Próximo Texto: Bom e barato: Cedro do Líbano tem de esfihas a pratos trabalhados Índice
|