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Luz dá forma à obra de Wyn Evans
Artista britânico, que foi um dos Young British Artists, abre hoje, em São Paulo, sua primeira individual no Brasil
Exposição está no galpão da Fortes Vilaça e divide espaço com obras do carioca Bevilacqua; na galeria, há quadros de Arturo Herrera
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
O artista britânico Cerith
Wyn Evans já fez lustres piscarem poemas em código Morse.
Também escreveu e explodiu
com fogos de artifício uma frase de Lévi-Strauss, depois usada por Caetano Veloso. Agora
constrói um texto com letras de
néon e uma floresta de árvores
fluorescentes no galpão da Fortes Vilaça, na Barra Funda.
"Penso a luz e objetos que
emitem luz como minha paleta
de trabalho", diz Wyn Evans à
Folha. O artista que esteve entre os Young British Artists,
movimento que despontou nos
anos 80 liderado pelo polêmico
Damien Hirst, abre hoje sua
primeira individual no Brasil.
Ele estrutura, com a luz, uma
grande colagem. O texto em
néon, que fere os olhos com
4.000 W de potência, foi tirado
do filme de ficção científica "La
Jetée" (1962), de Chris Marker,
que narra a saga de homens
perdidos no pós-guerra europeu tentando voltar no tempo
para buscar suprimentos.
"Não é só um texto, tem
transformadores, vidro", descreve Wyn Evans. "É o significado sendo construído, o aspecto material da linguagem."
Hoje, no vernissage, uma
flautista tocará composições de
John Cage e Edgar Varèse.
"Meus professores foram Cage
e William Burroughs", diz o
britânico, que começou sua
carreira como assistente do cineasta Derek Jarman e trabalha sampleando textos, imagens e filmes de outros artistas,
como se suas obras fossem a
partitura de uma orquestra de
idéias dissonantes.
Na vertente cinematográfica
dessa composição, um filme de
um só fotograma é projetado
numa parede: a imagem vai do
positivo ao negativo, expandindo um momento único da encenação de uma peça de teatro.
Se as referências parecem
sobrecarregar os trabalhos, ele
enxerga leveza nas colunas de
lâmpadas que guiam a leitura
dentro do cubo branco no galpão. "Elas são o suporte estrutural disso tudo, é como jogar
um poema no espaço e esperar
que as pessoas leiam."
Auréola modular
Ainda no galpão, o carioca
Carlos Bevilacqua expõe o que
parecem ser móbiles de plástico suspensos do teto. Um jogo
de proporções determinadas
pela secção de um círculo dá a
dimensão das linhas e curvas
de cada peça, uma "extensão
modular de uma auréola", nas
palavras do artista.
Acostumado a trabalhar com
"materiais que têm vida", como
aço e madeira, Bevilacqua optou pelo plástico para montar
este trabalho que diz ter nascido do desenho, com curvas e dimensões que a escultura não
permite criar na matéria crua.
A Fortes Vilaça abre hoje
também, em sua sede na Vila
Madalena, a primeira mostra
individual no Brasil do venezuelano Arturo Herrera.
CERITH WYN EVANS, CARLOS
BEVILACQUA E ARTURO
HERRERA
Quando: abertura hoje, às 13h; de ter.
a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às
17h; até 12/7
Onde: galpão da Fortes Vilaça (r. James Holland, 71, tel. 0/xx/11/ 3392-3942) e galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 0/ xx/11/
3032-7066)
Quanto: entrada franca
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