São Paulo, sábado, 14 de junho de 2008

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Luz dá forma à obra de Wyn Evans

Artista britânico, que foi um dos Young British Artists, abre hoje, em São Paulo, sua primeira individual no Brasil

Exposição está no galpão da Fortes Vilaça e divide espaço com obras do carioca Bevilacqua; na galeria, há quadros de Arturo Herrera


SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

O artista britânico Cerith Wyn Evans já fez lustres piscarem poemas em código Morse.
Também escreveu e explodiu com fogos de artifício uma frase de Lévi-Strauss, depois usada por Caetano Veloso. Agora constrói um texto com letras de néon e uma floresta de árvores fluorescentes no galpão da Fortes Vilaça, na Barra Funda.
"Penso a luz e objetos que emitem luz como minha paleta de trabalho", diz Wyn Evans à Folha. O artista que esteve entre os Young British Artists, movimento que despontou nos anos 80 liderado pelo polêmico Damien Hirst, abre hoje sua primeira individual no Brasil.
Ele estrutura, com a luz, uma grande colagem. O texto em néon, que fere os olhos com 4.000 W de potência, foi tirado do filme de ficção científica "La Jetée" (1962), de Chris Marker, que narra a saga de homens perdidos no pós-guerra europeu tentando voltar no tempo para buscar suprimentos.
"Não é só um texto, tem transformadores, vidro", descreve Wyn Evans. "É o significado sendo construído, o aspecto material da linguagem."
Hoje, no vernissage, uma flautista tocará composições de John Cage e Edgar Varèse. "Meus professores foram Cage e William Burroughs", diz o britânico, que começou sua carreira como assistente do cineasta Derek Jarman e trabalha sampleando textos, imagens e filmes de outros artistas, como se suas obras fossem a partitura de uma orquestra de idéias dissonantes.
Na vertente cinematográfica dessa composição, um filme de um só fotograma é projetado numa parede: a imagem vai do positivo ao negativo, expandindo um momento único da encenação de uma peça de teatro.
Se as referências parecem sobrecarregar os trabalhos, ele enxerga leveza nas colunas de lâmpadas que guiam a leitura dentro do cubo branco no galpão. "Elas são o suporte estrutural disso tudo, é como jogar um poema no espaço e esperar que as pessoas leiam."

Auréola modular
Ainda no galpão, o carioca Carlos Bevilacqua expõe o que parecem ser móbiles de plástico suspensos do teto. Um jogo de proporções determinadas pela secção de um círculo dá a dimensão das linhas e curvas de cada peça, uma "extensão modular de uma auréola", nas palavras do artista.
Acostumado a trabalhar com "materiais que têm vida", como aço e madeira, Bevilacqua optou pelo plástico para montar este trabalho que diz ter nascido do desenho, com curvas e dimensões que a escultura não permite criar na matéria crua.
A Fortes Vilaça abre hoje também, em sua sede na Vila Madalena, a primeira mostra individual no Brasil do venezuelano Arturo Herrera.


CERITH WYN EVANS, CARLOS BEVILACQUA E ARTURO HERRERA
Quando: abertura hoje, às 13h; de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h; até 12/7
Onde: galpão da Fortes Vilaça (r. James Holland, 71, tel. 0/xx/11/ 3392-3942) e galeria Fortes Vilaça (r. Fradique Coutinho, 1.500, tel. 0/ xx/11/ 3032-7066)
Quanto: entrada franca



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