São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2010

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Soul de cara nova

Janelle Monáe renova o rhythm and blues com um álbum conceitual sobre as aventuras de um androide

Jean-Christophe Bott/EFE
A cantora americana Janelle Monáe em show no Festival de Montreux (Suíça), neste mês

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA FOLHA

Ela dança como James Brown. Canta como as intérpretes da era de ouro da black music e seu primeiro disco, "The ArchAndroid", lançado em maio, é uma unanimidade: de artistas como Prince ao jornal inglês "Guardian", todos elogiaram. Janelle Monáe é a nova estrela do pop americano.
Mas a cantora não é uma "superstar" como as outras. Aos 24 anos, Janelle renova o rhythm and blues num álbum conceitual sobre as aventuras de um androide, que traz referências do cinema e das artes plásticas, embaladas por rock psicodélico, funk, soul, rap, disco, folk.
Seu visual tampouco tem a ver com o das voluptuosas divas do r&b. Sempre vestida de preto e branco, na maioria das vezes usando traje masculino, ela só aparece em público com o cabelo ajeitado em um gigantesco moicano.
"Preto e branco é meu "uniforme", me aproxima das pessoas. É uma homenagem à classe operária, de onde vim", disse a cantora em entrevista à Folha.

METROPOLIS
Nascida em Kansas, Janelle é filha de uma faxineira e de um motorista de caminhão. Desde os dez anos, canta em corais de igreja; aos 18, foi para Nova York estudar teatro.
Lá pelas tantas, desistiu de brilhar na Broadway para trilhar carreira como cantora em Atlanta, onde foi descoberta por Big Boi, do OutKast.
Ele a viu num restaurante cantando "Killing Me Softly with His Song", famosa na voz de Roberta Flack, e a convidou para participar de "Idlewild", álbum da dupla.
Seu outro padrinho é Sean "Diddy" Combs (Puff Daddy), produtor e empresário com quem assinou contrato para lançar seus discos.
O EP "Metropolis - Suite I (The Chase)" (2007) deu início à sua saga intergaláctica. Numa homenagem ao filme de Fritz Lang, "Metropolis" (1927), Janelle criou Cindi Mayweather, androide que se apaixona por um humano e é perseguida.
A heroína afrofuturista retorna em "The ArchAndroid", cuja capa traz Janelle vestida de Cindi Mayweather, numa releitura para o pôster de "Metropolis".
Suas referências, no entanto, vão além do clássico alemão. "Walt Disney, Alfred Hitchcock, James Brown, Judy Garland, Stevie Wonder, Salvador Dali. São todos grande inspiração", diz.
""The ArchAndroid" é um disco sobre transformação. Se ouvir do início ao fim preparado para ser transformado, você será."
Já a personagem revela "uma nova forma de ver o outro". "O androide representa a minoria, que pode ser um negro, um imigrante. Em algum momento da vida, nos sentimos parte da minoria e nossas diferenças devem ser respeitadas. Essa é a responsabilidade de Cindi."


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